O cirurgião Raul Cutait, que operou o vice-presidente José Alencar nesta quinta-feira (9) disse que ?ele se comportou quase como um adolescente?. ?Ele [Alencar] se comportou muito bem, ao teve problema, não sangrou, não caiu a pressão. Ele se comportou quase como um adolescente?, afirmou.
Alencar foi submetido a sua 14ª cirurgia nesta quinta, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para a desobstrução de uma das alças do intestino delgado.
Segundo Cutait, o objetivo inicial da cirurgia não era retirar todos os tumores, mas as boas condições possibilitaram a remoção de dez nódulos.
O médico informou que Alencar deve seguir ainda nesta noite para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital, onde deve permanecer de 24 a 48 horas.
Cirurgia
A cirurgia de Alencar durou cerca de seis horas - começou por volta das 13h10 e terminou às 19h. Esta foi a 14ª cirurgia do vice-presidente.
Durante a intervenção em Alencar, que é presidente em exercício enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estiver na Europa, foi encontrada mais de uma obstrução, segundo o oncologista Paulo Hoff, que chefia a equipe que assiste Alencar.
Hoff disse que a demora da cirurgia se dá pelo alto número de tumores ? 18 ? e pelo número de cirurgias a que Alencar já se submeteu, que dificultam o acesso no abdome. ?Isso é relativamente comum para alguém que tem número de tumores?, disse. "Todos nós lembramos que o vice-presidente já sofreu número muito grande de cirurgias. Quando isso acontece a cavidade abdominal se torna de difícil acesso."
O oncologista falou que todas as informações colhidas na cirurgia serão enviadas à equipe que atende Alencar nos Estados Unidos.
Otimismo
O chefe de gabinete da Vice-Presidência da República e assessor do vice-presidente José Alencar, Adriano Silva, afirmou nesta que Alencar estava "otimista, bem humorado e sorrindo bastante" antes da cirurgia. "Ele estava contando "causos", afirmou Silva. O objetivo da intervenção é desobstruir uma das alças do intestino delgado de Alencar.
A opção pela intervenção cirúrgica foi definida depois de uma reunião da equipe médica do Brasil em comunicação com a equipe de médicos de Houston (EUA), onde Alencar passa por tratamento alternativo, e com a família.
Boletim médico
Na tarde desta quinta, o hospital Sírio Libanês divulgou o primeiro boletim do dia sobre o estado de saúde do vice-presidente. Em comunicado, assinado pelos médicos Antonio Carlos Onofre de Lira e Riad Younes, o hospital informa que "após avaliar a evolução do caso, as equipes que tratam o paciente decidiram que a melhor conduta seria a cirúrgica".
O boletim informa ainda que o vice-presidente tem realizado exames e tratamento conservador desde que foi internado na quarta, com quadro de "suboclusão intestinal".
Ainda de acordo com o boletim, os médicos Raul Cutait e Ademar Lopes realizam a cirurgia. Veja o boletim na íntegra:
"BOLETIM MÉDICO
09/7/09
13h30
Vice-Presidente da República, José Alencar, internou-se no dia 8 de julho, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com quadro de suboclusão intestinal, tendo realizado exames e tratamento conservador até hoje (09/07).
Após avaliar a evolução do caso, as equipes que tratam o paciente decidiram que a melhor conduta seria cirúrgica.
O Vice-Presidente será submetido ao procedimento, na tarde de hoje, e o mesmo será conduzido pelo Prof. Dr. Raul Cutait e Prof. Dr. Ademar Lopes.
As equipes que assistem o Vice-Presidente são coordenadas pelos professores doutores Roberto Kalil Filho, Paulo Hoff e Raul Cutait.
Dr. Antonio Carlos Onofre de Lira Dr. Riad Younes
Diretor Técnico Diretor Clínico"
Internações
A nova série de internações começou na sexta-feira quando, após sentir dores abdominais, Alencar viajou às pressas de Brasília a São Paulo e passou o fim de semana internado no Hospital Sírio Libanês, de onde teve alta na segunda-feira.
Na quarta-feira à tarde, Alencar retornou ao hospital Sìrio Libanês sentindo fortes dores abdominais; recebeu medicação por soro, mas como não houve melhora a indicação foi uma intervenção cirúrgica.
O câncer, um sarcoma, voltou há dois meses e está espalhado em 18 pequenos tumores no abdomen.
José Alencar está tomando um novo medicamento, ainda experimental, desenvolvido nos EUA. Mas ainda não se sabe se o tratamento está dando o resultado esperado.