Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias (PT-PI), destacou que qualquer mudança ministerial no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa considerar não apenas a governabilidade, mas também o fortalecimento de alianças estratégicas para as eleições de 2026.
"Nós estamos trabalhando não só uma base aliada para os bons resultados junto à Câmara e ao Senado, mas também para 2026. A gente vai ter que organizar do ponto de vista político os partidos que vamos estar junto em 2026", afirmou.
REAÇÃO ÀS CRÍTICAS DO PSD E REPUBLICANOS
Dias minimizou as críticas feitas pelos presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), que recentemente sinalizaram insatisfação com o governo e não garantiram apoio a Lula na próxima disputa presidencial. Para o ministro, essas manifestações fazem parte do jogo político e podem refletir uma tentativa de conquistar mais espaço dentro do governo.
“Eu amo a democracia porque ela permite a liberdade de cada um expressar suas opiniões e é isso que nos empurra para frente", declarou.
Ainda assim, ele ressaltou que, apesar da oscilação na popularidade do governo, o presidente continua liderando as pesquisas de intenção de voto para 2026.
"[Kassab e Pereira] são líderes experientes e sabem que no mundo real não funciona o achismo. Na última pesquisa presidencial, Lula aparece superando todos os candidatos possíveis. Nós temos um país que manteve um grau de polarização, mas o desgaste político é para todos. Ter, nesse ambiente, uma aprovação de 47% não é baixa. É claro que queremos mais elevada, mas é preciso situar", analisou.
CRESCIMENTO ECONÔMICO E MEDIDAS FISCAIS
Wellington Dias acredita que o país colherá os frutos das políticas econômicas implementadas pelo governo desde o início do mandato. Ele adota o mesmo discurso de Lula ao afirmar que, por enquanto, não há necessidade de novas medidas fiscais além do pacote de contenção de gastos enviado no ano passado.
A expectativa do mercado sobre eventuais novas iniciativas para controlar despesas, segundo ele, não deve se confirmar. Dias se mostra confiante na recuperação econômica e na sustentabilidade das ações já implementadas.
"Eu sou otimista que nós vamos ter um crescimento, novamente, acima de 3,5%. Nós vencemos essa etapa de desarmar as bombas que estavam no nosso caminho", declarou.
NOVA COMUNICAÇÃO DO GOVERNO
O ministro também aposta que a reformulação na estratégia de comunicação do governo terá impacto positivo na popularidade de Lula. Para ele, a nomeação de Sidônio Palmeira como novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) foi acertada.
"Nós sabemos o grande desafio enfrentado pelo ministro Paulo Pimenta. Foram 24 meses de tempestade constante. Mas o presidente, entendendo a mudança que tem no formato da comunicação, viu a importância de ter alguém com uma experiência em comunicação em um sentido amplo", disse.
Segundo Dias, Palmeira conhece bem a forma como Lula se comunica com a população e pode contribuir para melhorar a imagem do governo.
DESEMPREGO E DADOS DO CAGED
Sobre os números mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que apontaram o fechamento de mais de 500 mil postos de trabalho formal em dezembro, Dias avaliou o resultado como esperado e sem motivo para alarde.
"Todo o mês de dezembro você tem um saldo negativo no Caged. Isso tem a ver com fenômenos como as contratações temporárias de final de ano, alguns setores como a construção civil que demitem ou dão férias coletivas e lá na frente retomam, e existe uma cultura no Brasil de obras e programas que são anualizados", explicou.
Apesar do resultado negativo no último mês do ano, o ministro destacou que o saldo de 2024 segue positivo, com a criação de mais de 1,6 milhão de vagas formais. Segundo ele, os dados refletem a efetividade de programas como o Bolsa Família, que ajudam a movimentar a economia e manter o mercado de trabalho aquecido.