As movimentações exteriorizadas por governantes de grandes nações, neste ano de 2025, em relação à expansão de negócios ligados à mineração, tanto no aspecto de comercialização, quanto no da expansão de exploração, têm sido bastante evidentes, a mostrar que há muito mais interesse nesse segmento de grande peso econômico, do que atender às exigências e emergências do clima, mesmo que a ciência nos indique que o mundo, nesse terreno, passa por grave crise.
Ainda que estejamos próximos da realização da COP30, a Cúpula Climática da ONU marcada para novembro, em Belém do Pará, no Brasil, e sendo esse evento considerado o mais importante das duas últimas décadas no tocante à preservação natural do universo, pouco interesse os países desenvolvidos têm dedicado a essa reunião que pretende juntar as suas 196 nações-membros e muitos outros convidados.
O assunto da pauta, no mundo inteiro, tem sido o da mineração, a partir, evidentemente, das medidas de retaliação que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem dedicado a muitos países produtores (incluindo o Brasil), com a taxação de produtos da mineração que ingressem em seu país, como fez, logo que assumiu, ao impor impostos extras ao aço, ferro e alumínio.
Na sequência, o presidente norte-americano revelou outras faces desse seu interesse especial, quando tratou junto a Vladimir Putin de um cessar-fogo com a Ucrânia, país com quem a Rússia está em guerra há mais de três anos, ao se saber que Trump quer deter em seu poder os minerais das chamadas "terras raras" ucranianas, que escondem coisas do tipo escândio, ítrio, lantânio, promécio, térbio, túlio, europio, lítio, e tantas outras raridades de que não estamos acostumados a ouvir falar.
Numa entrevista a repórteres da Fox News, Trump não escondeu seu desejo. Ao contrário, escancarou o que queria: "Eu disse à Ucrânia que quero o equivalente a, tipo, US$ 500 bilhões (cerca de R$ 2,9 trilhões) em terras raras, e eles essencialmente concordaram em fazer isso". O que o presidente norte-americano pretende e expressa, é que os Estados Unidos possam ficar com esse coletivo de 17 elementos químicos de semelhança rara entre eles, amplamente e sempre mais necessários na tecnologia das modernas indústrias. E são chamados raros, porque é muito difícil encontrá-los em outras partes do mundo. O Brasil possui muitíssimos deles.
Não bastasse essas demonstrações, nessa quinta-feira, dia 20 de março, Trump assinou um decreto para aumentar a produção nacional de minerais essenciais e compensar o controle que a China possui nesse segmento, sobretudo no que diz respeito às novas tecnologias de comunicação e às estratégias de segurança nacional. Mas se Trump pensava que estava sozinho nessa jornada sobre os minerais, em muitas partes do mundo seus governantes estão agindo para também fazer seus países avançarem nesse terreno.
Ainda nesta semana a China decidiu aumentar o apoio estatal à exploração de minerais em seu território e fazer parcerias com outras nações também nessa busca, na medida em que o governo intensifica esforços para cumprir os objetivos do Presidente Xi Jinping de autossuficiência de recursos, exatamente por estar em meio à dura competição com os EUA.
O esforço do governo central da China conta com o apoio de pelo menos 34 governantes de províncias, que decidiram seguir a estratégia de elevar a produção e comercialização de minerais, incluindo a oferta de subsídios a empresas dispostos a entrar nesse negócio. A China detém as maiores reservas de elementos raros dentre os mais de 250 minerais colocados nessa denominação.
E para quem desconhece, vai aqui uma informação importante: o Brasil é o segundo lugar mundial em reservas de terras raras. Numa revisão feita pela Mineral Commodity Summaries, em 2023, nosso país, ficando abaixo apenas da China, detém 23% de todas as terras raras do planeta, com 21 Mt, contra 44 Mt dos chineses, mas muito à frente do terceiro colocado, a Índia, que ostenta apenas 6,9Mt (7,7%). Os Estados Unidos, do ganancioso e arrogante Trump, está em 7ª posição mundial nesse ranking, com 1,9 Mt (2,1%) dos registros mundiais estabelecidos.
Está ficando cada vez mais evidente que as guerras, nas formas como estávamos acostumados a ver historicamente, sempre à frente, como um engodo, a “bandeira da paz", ficarão agora mais explícitas e, talvez, assim, menos desonestas, por se saber qual de fato é a motivação das guerras, sempre e sempre econômica.