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Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Exclusivo No Japão e Vietnã, Lula amplia relações do Brasil com a Ásia

O presidente Lula faz nesta semana sua segunda visita ao Vietnã, país asiático em que esteve em julho de 2008

O presidente Lula faz nesta semana sua segunda visita ao Vietnã, país asiático em que esteve em julho de 2008, no seu segundo mandato à frente da governança brasileira. 

Tendo sido o primeiro presidente brasileiro a visitar essa nação, que foi atacada por anos pelos Estados Unidos, numa guerra infame que também levou à morte milhares de soldados norte-amercicanos, Lula busca agora ampliar as relações diplomáticas e comerciais com os vietnamitas, visando  abrir portas para fazer passar, principalmente, carnes, soja e aviões. 

Na viagem que começou nessa segunda-feira, com entrada inicial pelo Japão, o presidente brasileiro leva em sua comitiva um número significativo de políticos e ministros, e mais de 100 empresários interessados em ver seus produtos mais presentes nesses países asiáticos. 

Nessa presença no Vietnã, que se dará nestes dias 27 a 29, Lula convidará o presidente do país,  Luong Cuong, para participar de uma cúpula do Brics a ser realizada em julho no Brasil, e conduzirá conversas para impulsionar um acordo sobre plano de ação no campo da defesa, agricultura e energia, passando pela cooperação entre governantes e empresários dos dois países na produção de etanol, um segmento em que os brasileiros são destaque como maiores produtores do mundo.

Entre os empresários e executivos presentes em sua comitiva, Lula leva dirigentes da fabricante de aviões Embraer e representantes da gigante de alimentos JBS, que já vêm negociando com empresários vietnamitas, buscando autorização dos governantes locais para a venda de produtos rurais, especialmente carne e soja, e para comercialização, inicialmente, de dez jatos E190, da Embraer, para a companhia aérea de bandeira Vietnam Airlines. Tenta-se, também, a venda pela empresa brasileira de aviões de transporte militar C-390.

O mercado de aviação do Vietnã é um dos que mais crescem no mundo. Essas tentativas de negociações do  Brasil ocorrem exatamente num momento em que as empresas aéreas do país buscam aumentar suas frotas e em que, do mesmo modo, os executivos e governo locais sofrem grande pressão dos Estados Unidos para que comprem  aviões de transporte militar C-130, produzidos pela norte-americana Lockheed Martin. 

Sob essa pressão, empresários e gestores vietnamitas reuniram-se dias antes com executivos seniores das gigantes da aviação Airbus e Boeing. Sabe-se, também que o Vietnã está trabalhando na aprovação dos jatos Comac, produzidos pela China.

Poucos sabem, mas o Vietnã firma-se como o quinto destino global das exportações do agronegócio brasileiro e se destaca como um dos principais produtores mundiais de café, arroz, e também de produtos eletrônicos, setores nos quais há um expressivo potencial para ampliação de relações bilaterais. Em 2024, Brasil e Vietnã registraram intercâmbio comercial de US$ 7,7 bilhões, com superávit de US$ 415 milhões para a balança brasileira.

Com o Japão, país no qual  o presidente Lula e comitiva estão desde a segunda-feira e por lá permanecem até quinta, quando partem para o Vietnã, o Brasil possui uma relação diplomática e comercial histórica, que em 2025 completa 130 anos, relação que foi estabelecida em 1895, com a assinatura do Tratado da Amizade, e que abriu caminho para a imigração japonesa em território brasileiro, iniciada em 1908. 

Além de ser grande economia mundial, o Japão é importante parceiro brasileiro na Ásia,  tornando-se a nona origem de investimentos estrangeiros em nosso país, com um estoque de US$ 35 bilhões nos últimos três anos.

Em 2014, Brasil e Japão tiveram um intercâmbio comercial de US$ 11 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 146,8 bilhões, mostrando uma balança bem equilibrada. O Brasil exporta carne de aves , alumínio, carne suína, celulose, café não torrado, minério de ferro entre outros produtos. Na outra ponta, o Brasil importa partes e acessórios de veículos automotivos, instrumentos e aparelhos de medição, motores de pistão e vários outros produtos da indústria de transformação.

Elevar essas relações comerciais com Japão e Vietnã é o objetivo central dessa que se transforma numa das mais longas viagens de Lula à frente do seu terceiro mandato.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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