A direita saiu como a grande vitoriosa das eleições para o Parlamento Europeu, finalizadas neste domingo (9). Segundo as projeções da comissão eleitoral, o Partido Popular Europeu manteve a maior bancada no Legislativo da União Europeia e conquistou mais 13 cadeiras, ficando com 189 deputados.
As relações com a América Latina como um todo, e com o Brasil especificamente, não estavam entre os temas mais quentes que ganharam a atenção dos candidatos. Ainda assim, o resultado do pleito vai impactar a forma como as duas regiões interagem.
DIPLOMACIA EUROPEIA: O dia a dia da diplomacia europeia não faz parte das atribuições do Parlamento Europeu. Essa é uma função da Comissão Europeia, que é o braço executivo do bloco. O processo de escolha sobre quem será o responsável por liderar a Comissão é, entretanto, justamente de quem garantir maioria nas eleições do Parlamento Europeu.
Os cidadãos de cada um dos 27 países elegeram nesta rodada um determinado número de legisladores que, depois, passarão a formar os grupos ideológicos transnacionais que dividem o parlamento. E é esse processo de escolha indireta que será determinante para as relações entre o Brasil e a União Europeia nos próximos cinco anos.
AGRONEGÓCIO E MUDANÇA CLIMÁTICA: O posicionamento histórico da União Europeia é de proteção aos agricultores locais, com subsídios e incentivos aos produtores do bloco. Ainda assim, há pressões internas para uma mudança nessa prática. E, numa característica dúbia, uma possível entrada dos partidos de extrema-direita na coalizão vencedora pode tanto endurecer essa prática quanto abrir o mercado para fornecedores externos, o que beneficiaria o Brasil.
Em contrapartida, esses partidos tendem a achar consenso quando o assunto são as mudanças climáticas. Tanto os candidatos quanto os eleitores desses partidos costumam a questionar a influência dos seres humanos no aumento da temperatura média do planeta, contrariando as principais evidências globais sobre o tema.
Como isso pode influenciar a coalizão ganhadora do bloco, entretanto, ainda é uma incógnita. Principalmente porque não está claro se os partidos de extrema-direita estarão, juntos, numa mesma coalizão.
IMIGRAÇÃO: A política de imigração da União Europeia é um dos temas que deve ter mais atenção nos debates do Parlamento Europeu.
Oficialmente, cada Estado tem autonomia para decidir sua própria política de migração. Ainda assim, há uma pressão interna do bloco para mudar as políticas relacionadas à concessão de asilo e ao acolhimento dos imigrantes ilegais.
Ainda assim, essas são mudanças que vão impactar, principalmente, imigrantes ilegais vindos de países da África ou do Oriente Médio, e não os brasileiros.
ACORDO MERCOSUL-UE: A regulamentação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul exige a aprovação de todos os Estados-membros e não depende, apenas, do Parlamento Europeu. Ainda assim, o resultado que se projeta para a nova formação do Parlamento Europeu indica que o bloco deve manter o tratado em banho-maria, sem que haja qualquer avanço sobre o tema.