O Congresso Nacional pode votar o relatório final do deputado Hugo Leal (PSD-RJ) ao projeto de lei orçamentária para o ano que vem (PLN 19/21) nesta segunda-feira, 20. A sessão deve começar às 14 horas, com a votação dos deputados, para em seguida passar pelos senadores, às 17 horas. Antes, às 10 horas, o relatório final será analisado pela Comissão Mista de Orçamento.
A tramitação da proposta foi marcada por mudanças no cenário econômico, com aumento nas projeções de inflação e a retomada do crescimento. Isso levou a uma alta de quase R$ 90 bilhões na estimativa da arrecadação do governo, que ultrapassaram a marca histórica de R$ 2 trilhões.
No entanto, também aumentaram algumas despesas indexadas, como por exemplo os benefícios previdenciários e assistenciais vinculados ao salário mínimo, corrigido pelo INPC. No texto original do Poder Executivo, o salário mínimo seria de R$ 1.169. No relatório final, o valor ficou em R$ 1.210.
Votação ocorrerá nesta segunda-feira (Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados)
Auxílio Brasil
Uma das despesas que mais cresceram foi o Auxílio Brasil, que segundo o Ministério da Economia terá um benefício médio de R$ 415 mensais por família. No projeto original estavam destinados R$ 34,7 bilhões para atender 14,7 milhões de famílias. O relatório final destina R$ 89 bilhões para atender 17,9 milhões de famílias. A diferença é de R$ 54,4 bilhões.
O Financiamento de Campanha Eleitoral ficou definido em R$ 5,128 bilhões. Na proposta original, eram R$ 2,128 bilhões. Já o Auxílio Gás dos Brasileiros, que não tinha previsão no projeto original, ficou com R$ 1,912 bilhões.
Precatórios e teto de gastos
Para cobrir o aumento do Auxílio Brasil e outras despesas, o Congresso aprovou as emendas constitucionais 113 e 114, que abriram um espaço fiscal de R$ 110 bilhões. No texto original do Poder Executivo, os precatórios a pagar no ano que vem chegavam a R$ 89,1 bilhões, ou 60% a mais do que o valor autorizado para este ano, de R$ 55,6 bilhões.
No relatório final, o governo terá de pagar R$ 45,6 bilhões em precatórios no ano que vem. Entre as despesas com sentenças judiciais transitadas em julgado estão R$ 7,5 bilhões relativas ao antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Já o teto de despesas primárias, que era de R$ 1,610 trilhão, passou a ser de R$ 1,666 trilhão.
Emendas de relator
Outro ponto polêmico durante a tramitação da proposta orçamentária foram as emendas de relator-geral do Orçamento, classificadas como RP9. O Congresso aprovou resolução para aumentar a transparência e publicidade das emendas de relator-geral do Orçamento.
No relatório final, as emendas de relator somam R$ 16,5 bilhões e vão atender 30 programações diferentes. As principais são custeio dos serviços de atenção primária à saúde (R$ 4,68 bilhões) e serviços de assistência hospitalar e ambulatorial (R$ 2,6 bilhões).
Emendas de relator-geral (RP9) no Orçamento 2022 - (R$ milhões)
Serviços de atenção primária à saúde – 4.680
Serviços de assistência hospitalar e ambulatorial – 2.600
Qualificação viária – 2.100
Projetos de desenvolvimento sustentável local integrado - 1.860
Serviços do Sistema Único de Assistência Social - 1.250
Infraestrutura para a educação básica - 880
Fomento ao setor agropecuário - 670
Estruturação de unidades de atenção especializada em saúde - 400
Estruturação da rede de serviços de atenção primária à saúde - 400
Infraestrutura básica nos municípios da Calha Norte - 250
Infraestrutura para esporte educacional, recreativo e de lazer - 240
Projetos e obras de reabilitação, de acessibilidade e modernização tecnológica em áreas urbanas - 180
Projetos e eventos de esporte, educação, lazer e inclusão social - 150
Consolidação de assentamentos rurais - 150
Reforma agrária e regularização fundiária - 120
Abastecimento de água em municípios com até 50 mil habitantes - 100
Aquisição e distribuição de alimentos da agricultura familiar para promoção da segurança alimentar e nutricional - 100
Reestruturação e modernização dos hospitais universitários federais - 80
Obras para contenção de cheias e inundações e para contenção de erosões marinhas e fluviais - 50
Esgotamento sanitário em municípios com até 50 mil habitantes - 50
Esgotamento sanitário na área de atuação da Codevasf - 50
Promoção e defesa de direitos humanos para todos - 30
Regularização fundiária em áreas urbanas - 20
Infraestrutura para segurança hídrica - 20
Controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano para prevenção e controle de doenças - 20
Produção habitacional de interesse social - 10
Saneamento em municípios com mais de 50 mil habitantes, de regiões metropolitanas ou de regiões integradas de desenvolvimento - 10
Esgotamento sanitário em municípios com mais de 50 mil habitantes, regiões metropolitanas ou de regiões integradas de desenvolvimento - 10
Manejo de resíduos sólidos em municípios com mais de 50 mil habitantes, regiões metropolitanas ou de regiões integradas de desenvolvimento - 10
Infraestrutura para segurança hídrica - 10
Total – 16.500
(Fonte: Agência Câmara de Notícias)