
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi surpreendido nesta quarta-feira por uma inusitada intervenção musical ao deixar o Senado, horas após ser tornado réu no processo sobre tentativa de golpe de Estado. Fabiano Duarte, trompetista e militante petista conhecido por suas performances políticas, executou a Marcha Fúnebre de Chopin e o jingle "Tá na Hora do Jair Ir Embora", que viralizou durante as eleições de 2022.
Bolsonaro riu ao ouvir as notas do trompete, mas o músico interpretou a reação como um disfarce. "Ele riu porque está com medo do que vai acontecer. É a marcha fúnebre porque a história política dele com certeza vai acabar", declarou Duarte aos jornalistas presentes.
Nascido em Brasília em 1979, Fabiano Duarte é estudante de Relações Internacionais e tornou-se conhecido durante o período em que Lula esteve preso em Curitiba, quando fazia serenatas diárias em apoio ao petista. Desde então, consolidou-se como figura frequente em eventos políticos, tendo participado inclusive da posse presidencial de Lula em 2023, quando subiu a rampa do Planalto ao lado do presidente.
Sua trajetória como "tromPetista" inclui várias provocações a Bolsonaro. Em 2018, tocou o jingle "Lula Lá" em frente ao CCBB, sede da equipe de transição bolsonarista. Dois anos depois, executou "Bella Ciao", hino antifascista italiano, durante visita do então presidente ao STF. Em 2021, foi preso ao protestar durante um desfile militar com tanques.
Candidato a deputado distrital em 2022 pelo PT, recebeu 4.460 votos (0,27% do total) e não se elegeu, ficando como suplente. Apesar disso, manteve-se ativo na militância musical, participando recentemente da cerimônia de posse da ministra Gleisi Hoffmann.
O episódio ocorre em meio ao processo judicial que pode definir o futuro político de Bolsonaro. A Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia da PGR, e o julgamento de mérito está previsto para ocorrer até outubro. O ex-presidente responde por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e atentado ao Estado Democrático de Direito, em um caso que já provocou intensos debates e reações políticas.
Enquanto isso, Fabiano Duarte promete continuar suas intervenções musicais. "A música é minha forma de protesto. Vou seguir tocando até que a justiça seja feita", afirmou o músico, que já se tornou uma das figuras mais peculiares do cenário político brasileiro.