Teresina é o maior colégio eleitoral do Estado, com quase um quarto dos universo de eleitores (22,8%) e, portanto, é o foco principal dos candidatos a governador no segundo turno. A avaliação é feita pelo cientista político Ricardo Arraes. ?A uma semana do final da campanha, ainda há muita estrada a percorrer por cada um dos candidatos. A campanha em busca de votos segue até o último minuto. O voto se pede e se busca incessantemente. É assim que se ganha voto: pedindo?, argumentou Arraes.
A opinião é compartilhada pelo estatístico João Batista Teles. Segundo ele, a conquista dos votos na Grande Teresina será decisiva para a vitória no segundo turno de um dos dois candidatos que disputam a cadeira de chefe do Executivo estadual: o governador Wilson Martins (PSB) e o ex-prefeito Sílvio Mendes (PSDB). "A grande questão agora é a disputa em Teresina e os candidatos estão apostando muito na cidade, que contém 1/4 do eleitorado do Piauí", disse Teles.
Ele acrescenta que a votação no primeiro turno não foi a esperada pelos tucanos, que comandaram a administração municipal nos últimos anos. "Por uma questão até de logística é fácil percorrer essa região da Grande Teresina, que inclui União, Altos e José de Freitas", ressaltou. Teles, no entanto, afirma que a aliança do PTB, do senador João Vicente, com a coligação "Para o Piauí seguir mudando", de Wilson, ainda não se refletiu em votos para o socialista.
"Ainda não houve um efeito prático no eleitorado. Ocorreu migração de votos para o Sílvio maior do que para o Wilson, mas não significativamente", destacou. Ele lembrou que a grande quantidade de votos nulos e brancos também pode influenciar no resultado final do pleito. Já Ricardo Arraes ressalta que Mendes teve em Teresina sua vitória mais significativa no primeiro turno, conseguindo quase 190 mil votos, e vai procurar se manter a frente. ?Já Wilson Martins teve um bom e surpreendente desempenho, vai procurar reduzir essa vantagem. Ela será importante para suas pretensões?, pontuou.
De acordo com Arraes, Sílvio tem duas dificuldades: manter e ampliar sua dianteira na capital e a dificuldade de estrutura partidária no interior. ?Uma terceira dificuldade, está no fato de que no interior do Estado, Wilson Martins venceu em quase 200 cidades. Aí está a sua maior fortaleza?, explicou o professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
?A saída para Sílvio Mendes, caso se mantivessem todos os resultados do primeiro turno, seria ele herdar absolutamente, todos os votos de João Vicente (PTB). Assim, vencer bem em Teresina e avançar no interior deve ser a tarefa do tucano nesta reta final?, completou.
Desempenho de presidenciáveis pode ajudar candidatos ao Governo
Além dos candidatos a governador, os eleitores piauienses devem escolher quem será o próximo presidente do Brasil no próximo dia 31 de outubro. ?Como é uma eleição casada, e os dois candidatos locais tem candidatos nacionais, um bom desempenho de Dilma pode refletir na campanha de Wilson Martins?, acredita Ricardo Arraes. ?Não sem razão, ele tenta colar sua campanha no nome da candidata do PT, assim como o fez no primeiro turno. Ela é a sua escada, seu maior cabo eleitoral. Enfim, será uma puxadora de voto para o candidato do PSB?, justifica.
O cientista político alerta que, até agora, nada indica que haverá transferência de voto casada para Wilson Martins ou para Sílvio Mendes. ?É possível que haja voto cruzado para ambos?, disse. Já a maioria de candidatos eleitos na bancada governista, para Ricardo significa que o candidato terá fortes cabos eleitorais a mais. ?Mas não é nenhuma novidade os deputados eleitos ficaram mais descansados. Os suplentes é que serão, de fato, os mais interessados. Especialmente, aqueles deputados que não foram reeleitos?, ressalta.
Sobre a vinda ao Estado de nomes de peso como o presidente Lula, a candidata à Presidência do PT, Dilma Roussef e o candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, Arraes avalia que as lideranças são importantes para oxigenar as campanhas locais. ?Mostra algum prestígio e serve para animar os apoiadores. O eleitor quer saber quem são os apoios nacionais pois isso trás algum conforto psicológico ao eleitor além de dá algum impulso nas campanhas de seus correligionários. De alguma maneira, serve para fortalecer e amarrar o voto do eleitor no seu candidato?, completa.
Ricardo Arraes também destaca que os votos em branco e os nulos são representações de eleitores insatisfeitos com o que lhes foi ofertado no menu eleitoral. ?Em geral, é um voto consciente, de opinião. Nestes casos, requer dos candidatos um maior esforço de convencimento para a conquista de eleitores desgostosos com os políticos. O convencimento se dará com a apresentação clara e objetiva de suas propostas para a condução dos destinos do estado. Para Sílvio esta tarefa terá maior peso, porque ele precisa tirar a diferença para Wilson?, frisa. (S.B.)