Coreia do Norte liberta jornalistas presas após visita de Clinton

O perdão foi concedido em meio a uma missão de esforço pela libertação das jornalistas liderada pelo ex-presidente americano Bill Clinton

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O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, concedeu, nesta terça-feira, um "perdão especial" às duas jornalistas americanas que estão presas no país desde março passado e que foram condenadas a 12 anos de trabalho forçados, informou a agência oficial de notícias do país, a KCNA, nesta terça-feira. De acordo com a agência, o perdão inclui a ordem para libertação das americanas, porém não há data estipulada.

O perdão foi concedido em meio a uma missão de esforço pela libertação das jornalistas liderada pelo ex-presidente americano Bill Clinton (1993-2001), que chegou nesta terça a Pyongyang e se encontrou com o ditador. Para especialistas, a negociação em torno da liberação das americanas pode ser uma estratégia de Kim para convencer o governo de Barack Obama a iniciar conversações diretas com o país.

Inicialmente, o governo Obama planejava enviar o ex-vice-presidente Al Gore para o diálogo, porém Kim rejeitou a ideia, aparentemente para que Washington enviasse um alto funcionário autorizado a manter conversações políticas. Clinton é mais importante personalidade dos Estados Unidos a visitar o regime comunista desde 2000, durante a última Presidência (1997-2001), quando a ex-secretária de Estado, Madeleine Albright, viajou ao país.

"Kim Jong-il emitiu uma ordem para o presidente da Comissão de Defesa Nacional da República Democrática Popular da Coreia do Norte um perdão especial para as duas jornalistas americanas que foram sentenciadas a trabalhos forçados de acordo com o Artigo 103 da Constituição Socialista e para a libertação delas", disse a KCNA.

A coreana-americana Euna Lee e a sino-americana Laura Ling, que trabalham para o canal de TV californiano Current TV, foram detidas em 17 de março passado por ter cometido, segundo Pyongyang, "atos hostis" e entrado ilegalmente em território norte-coreano.

Elas gravavam imagens na fronteira entre China e a Coreia para um documentário sobre o tráfico de mulheres refugiadas norte-coreanas. O tribunal encarregado as condenou a 12 anos de "reeducação pelo trabalho".

Coreia do Norte e EUA realizaram frequentes consultas sobre as jornalistas detidas durante as últimas semanas, segundo fontes citadas pela agência de notícias Yonhap.

Encontros

Após chegar ao país, Clinton se encontrou com o ditador norte-coreano Kim Jong-il e transmitiu "de maneira cortês" uma mensagem verbal do presidente Barack Obama a ele --que, segundo a imprensa sul-coreana, está muito doente e já prepara seu filho para sucessão.

A agência de notícias Yonhap, de Seul, que cita como fontes a rádio Pyongyang e a estação central de televisão norte-coreana, disse que Kim agradeceu a mensagem. Os dois, ainda segundo a agência, teriam discutido "uma grande variedade de opiniões".

A Casa Branca, contudo, negou que Clinton leva ao país uma mensagem de Obama. "Isto não é verdade", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.

Clinton também se encontrou com as duas jornalistas, segundo informou o canal de TV americana ABC. Citando uma fonte governamental, a emissora classificou o encontro de "muito emocional".

A fonte --que tem conhecimento sobre a missão do ex-presidente no país comunista-- disse ter esperança de que as duas deixarão a Coreia do Norte ainda esta noite com destino aos EUA, possivelmente no mesmo avião de Clinton.

As relações entre o regime norte-coreano e os Estados Unidos, assim como com seus aliados, atravessam seu pior momento depois do segundo teste nuclear de Pyongyang em 25 de maio passado.

Os testes nucleares foram condenados pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), que ampliou as sanções contra o regime de Pyongyang. Os norte-coreanos reagiram ameaçando não abrir não de suas ambições atômicas e de utilizar seu plutônio com fins militares.

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