Presidente Dilma pede que ações anticrise não afetem trabalhador

“Políticas que só enfatizam a austeridade vêm mostrando seus limites.” Ela pediu que medidas pelo mundo não afetem os direitos do trabalhador

Fotografia oficial da XXII Cúpula Ibero-Americana | Roberto Stuckert Filho / Presidência
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Em discurso na primeira sessão plenária da Cúpula Ibero-Americana, na Espanha, a presidente Dilma Rousseff afirmou na manhã deste sábado (17) que medidas de austeridade fiscal, como redução de gastos públicos, sem ações concretas voltadas para a retomada do crescimento econômico podem agravar ainda mais a recessão em diversos países do mundo.

"Temos assistido, nos últimos anos, aos enormes sacrifícios por parte das populações dos países que estão mergulhados na crise: reduções de salários, desemprego, perda de benefícios. As políticas exclusivas, que só enfatizam a austeridade, vêm mostrando seus limites. Em virtude do baixo crescimento, e apesar do austero corte de gastos, assistimos ao crescimento dos déficits fiscais e não a sua redução", disse ela.

Para a presidente, "a consolidação fiscal exagerada e simultânea em todos os países não é a melhor resposta para a crise mundial". "Pode, inclusive, agravá-la, levando a uma maior recessão."

Dilma apontou que a maior cooperação entre os países europeus e latinos seria medida eficaz para o combate à crise financeira mundial. A presidente pediu, no entanto, que as ações a serem tomadas não prejudiquem os direitos do trabalhador.

"Não se pode existir cooperação [...] descuidando da proteção social e do trabalho decente, tal como definido no âmbito da OIT [Organização Internacional do Trabalho]. Nosso desafio consiste em buscar a competitividade por meio da inovação tecnológica, pelo aperfeiçoamento dos processos produtivos, da logística de distribuição, da redução da carga tributária e não, como tantas vezes no passado, pela precarização do trabalho, pela penalização do trabalhador e pela redução de direitos sociais, que comprometem as bases do nosso insipiente estado de bem-estar social. Desenvolvimento não se faz com desigualdade, desenvolvimento sustentável se faz com a justiça social", discursou.

A cúpula Ibero-Americana é formada por três países da Península Ibérica - Andorra, Espanha e Portugal - e outros 19 latinos: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Em sua fala, Dilma afirmou que o Brasil optou por medidas que mantiveram os níveis de desemprego baixos no país.

"Também fomos atingidos pela crise através da redução dos mercados internacionais, mas estamos ampliando investimentos públicos e privados. Reduzimos a carga tributária sobre folha de pagamento e fizemos a reforma previdenciária dos servidores públicos. A distribuição de renda sustentou o mercado interno. Temos logrado, assim, manter o desemprego em níveis bastante baixos."

A presidente citou que a cooperação entre os países pode levar à retomada do crescimento das economias, mas exige ações concretas dos chefes de Estado. "A competitividade exige a redução do custo de capital, ampliação dos mecanismos de financiamento de longo prazo, criação de forte mercado de capitais, aprimoramento educacional e geração de tecnologia e inovação."

Dilma destacou que, como medida de cooperação na área educacional, o Brasil instituiu o programa "Ciência Sem Fronteiras", que consiste em intercâmbio em universidades de vários países. Ela defendeu ainda que medidas internacionais de cooperação privilegiem empresas de pequeno e médio porte.

pós participar de plenárias da cúpula durante todo o dia, Dilma deverá deixar Cádiz no início da noite deste sábado rumo à capital espanhola, Madri. Ela não tem compromissos oficiais previstos para domingo (18).

Dilma participará na segunda-feira (19), às 16h30, do seminário "Brasil: no caminho do crescimento", promovido pelos jornais "El País" e "Valor Econômico", com apoio da Secretaria de Comunicação da Presidência.

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