Em meio a uma tensa negociação com sua base no Congresso para garantir a aprovação do salário mínimo de R$ 545, o governo anunciou na última quarta-feira (9) um corte de R$ 50 bilhões em suas despesas. Boa parte desse valor será cumprido por emendas de parlamentares [propostas que destinam recursos para uma obra ou um projeto] ao Orçamento de 2011.
Dos R$ 21 bilhões incluídos pelo Legislativo na programação de gastos deste ano, R$ 18 bilhões, cerca de 86%, deverão ser decepados, segundo informou fonte do Palácio do Planalto.
Enquanto os parlamentares ficarão com seus projetos dormindo nas gavetas dos ministérios, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) sairá ileso do aperto. Ele não será reduzido nem terá projetos adiados, afirmou ontem a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ela, porém, não confirmou a magnitude dos cortes nas emendas.
Num claro enfrentamento das pressões do Congresso, o governo previu que o mínimo de 2011 será mesmo de R$ 545, reforçou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Se o valor for maior, serão cortadas mais despesas. O mesmo será feito se for aprovada a revisão da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física.
O enxugamento de gastos atingirá também o setor produtivo. O Tesouro vai reduzir os volumes que repassa ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a título de subsídio.