CPI aprova convocações de Perillo e Agnelo e rejeita Cabral

Governador tucano de Goiás e petista do DF vão falar a parlamentares

O presidente, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), à esq., e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), durante a sessão da CPI | Agência Senado
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A CPI criada para investigar o elo do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários aprovou nesta quarta-feira (30) a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). A convocação do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), foi rejeitada por 17 votos a 11.

Agnelo e Merconi Perillo são citados por integrantes da quadrilha de jogo ilegal comandada por Cachoeira em conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal. Sérgio Cabral aparece em fotos durante uma viagem a Paris ao lado do presidente licenciado da construtora Delta, Fernando Cavendish. De acordo com a PF, a Delta transferiu recursos a empresas fantasmas do grupo de Cachoeira.

A convocação de Perillo foi aprovada por unanimidade e a de Agnelo, por 16 votos a 12. A data dos depoimentos ainda não está definida.

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), afirmou que Agnelo Queiroz usará a convocação para provar que é "vítima" da quadrilha de Cachoeira. "Não tem dificuldade nenhuma do Agnelo vir. Vai ser uma oportunidade, inclusive, para mostrar que ele foi vítima desse esquema do Carlinhos Cachoeira e não foi sócio como foi o governador de Goiás", disse.

O líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), afirmou que Marconi Perillox quer falar na CPI. "Eu acabei de receber telefonema do governador Marconi Perillo e ele disse que quer comparecer na próxima reunião", disse.

Acordo

Tatto acusou o PSDB de fazer um acordo com o PMDB para livrar Sérgio Cabral da convocação em troca de apoio na votação do requerimento referente a Agnelo Queiroz.

"Evidente que teve, taticamente, um setor do PSDB que nos acusa de politizar a CPI, mas vocês perceberam que o pau que bate em Chico não bate em Francisco. Pelo menos, três parlamentares do PSDB não votaram no Cabral. Mas a gente vai perceber que essa farsa vai ser desmascarada. Nosso foco não é convocar governadores, é quebrar sigilo fiscal do Marconi Perillo", afirmou.

Bruno Araújo negou acordo com o PMDB. Segundo ele, três parlamentares do partido votaram contra a convocação de Cabral por considerarem que não há elementos que justifiquem o depoimento do peemedebista.

"Zero acordo. Temos é responsabilidade no que se refere a convocação de governadores. Com a quebra de sigilo da Delta, teremos mais elementos para avaliar se é justificável a convocação do governador do Rio de Janeiro", disse

Debates

Antes da aprovação da convocação de Agnelo, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-SP) opinou contra e chegou a propor adiar, mais uma vez, para o dia 12 de junho, a votação de requerimentos de convocação de governadores.

Durante o debate sobre os requerimentos, o senador Pedro Taques (PDT-MT) criticou a possibilidade de adiamento da votação. "Estamos discutindo há 30 minutos se vamos transformar essa CPI numa farsa. Estamos enrolando essa decisão. [...] Temos decidir a convocação no voto. Temos que votar sim ou não à vinda dos governadores e que cada um assuma responsabilidade política pelo seu voto", afirmou.

Depois da aprovação, ao final da reunião, Cunha disse que a ida do governador petista à CPI poderá contribuir para a investigação. "Há indícios mais contundentes o que diz respeito aos dois governadores. É claro que há níveis diferentes de envolvimento com a organização criminosa. O governador Marconi Perillo é muito mais evidente o seu envolvimento. O governador Agnelo Queiroz menos evidente. É claro que a vinda deles vai ser a oportunidade de eles darem as explicações necessárias", disse o relator.

Nesta terça (29), o governador de Goiás compareceu espontaneamente à CPI, negou envolvimento com a quadrilha de Cachoeira e se colocou à disposição para depor.

Antes da votação da CPI, nesta quarta, Sérgio Cabral disse no Rio que não pretendia se oferecer para depor na CPI como fez Marconi Perillo. "O governador de Goiás tem as razões dele e eu respeito. Há 250 mil gravações e meu nome não aparece em nada", afirmou.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que não há ?prejulgamento?, nem acordo com relação à convocação dos governadores. ?Não há acordo. O que queremos é a convocação dos três governadores?.

Sigilos

Mais cedo, ainda na reunião da CPI desta quarta, foi adiada a votação de pedido de quebra de sigilo telefônico e de SMS de Perillo.

Deputados do PSDB protestaram pelo fato de não terem sido colocados em votação, também, requerimentos que solicitavam a quebra dos sigilos dos governadores do PT e do PMDB.

?Não pode haver dois pesos e duas medidas?, argumentou o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse considerar que ainda não é necessário quebrar os sigilos dos três governadores. Segundo ele, é preciso antes chamá-los para depor à CPI.

?Vamos abrir um precedente que nunca se teve numa CPI. Nenhum deles, até o presente momento, se viu envolvido com a organização criminosa a ponto de ter a quebra de sigilo autorizada?, afirmou o deputado, para quem a quebra de sigilos é uma ?medida de exceção? que só deveria ser tomada depois de esgotados outros meios de prova.

Por sua vez, Odair Cunha afirmou que há indícios que justificam a quebra do sigilo do governador de Goiás. Segundo ele, há 237 referências a Perillo nas gravações telefônicas registradas pela Polícia Federal na investigação sobre o grupo de Cachoeira.

?São condutas individualizadas e há nos autos da Polícia Federal mais evidências contra o governador Marconi Perillo. Os cheques para pagamento da casa foram parar na conta dele. Há nível de envolvimento diferente com a organização criminosa?, disse.

Diante das divergências, o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), decidiu adiar a votação da quebra de sigilo de Perillo.

Também adiou requerimentos que autorizavam acesso da comissão a dados bancários, fiscais e telefônicos dos deputados Stepan Nercessian (sem partido-RJ), Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), citados nas investigações da Polícia Federal sobre a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

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