A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI do 8 de Janeiro, afirmou nesta semana que, a partir de agosto, a CPMI do 8 de janeiro vai ter “dias absolutamente intensos”. A próxima reunião está marcada para o dia 1º, às 9h. De acordo com a senadora, documentos sigilosos encaminhados à comissão nas últimas semanas abrem novas frentes de investigação.
Na primeira reunião de agosto, senadores e deputados devem ouvir Saulo Moura da Cunha, que era diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes. A CPMI tem 819 requerimentos pendentes de votação, sendo que a maioria sugere novos depoimentos, sendo 504 pedidos de convocação e 31 convites.
A oposição quer ouvir os ministros Flávio Dino, da Justiça e da Segurança Pública; José Múcio Monteiro, da Defesa; General Marcos Antonio Amaro dos Santos, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Rui Costa, da Casa Civil; Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais; Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social; e Márcio Costa Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Os parlamentares da base govenista querem ouvir o general Augusto Heleno, ministro do GSI na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Durante o recesso também foi apresentado pedido que sugere a convocação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Conforme o requerimento, após a quebra do sigilo telemático do tenente-coronel Mauro Cid foram encontrados comprovantes de depósitos em dinheiro na conta da ex-primeira-dama.
Foram apresentados 158 requerimentos para a quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático. Há pedidos para a transferência de dados sigilosos do ex-presidente Jair Bolsonaro, do empresário Luciano Hang, do ex-deputado federal Daniel Silveira (RJ) e da mulher do tenente-coronel Mauro Cid, Gabriela Santiago Ribeiro Cid. Há também solicitações para a transferência de sigilos do ministro da Justiça, Flávio Dino, e do general Marco Edson Gonçalves Dias.
Desde a sua instalação, a CPMI já ouviu o tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens Mauro César Barbosa Cid; o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, George Washington de Oliveira Sousa, preso por tentativa de atentado próximo ao aeroporto de Brasília; o coronel do Exército Jean Lawand Junior, pelas mensagens de conteúdo golpista que trocou com Mauro Cid; e o coronel e ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime.
A senadora não antecipou as testemunhas ou investigados que serão reconvocados ou submetidos. Por meio das redes sociais, o deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que "além dos financiadores da tentativa de golpe, muitas 'lavanderias' serão reveladas. Muita coisa virá à tona".
Tentativa de "blindar os poderosos", diz Eduardo Girão
Segundo o senador Eduardo Girão (Novo-CE), os primeiros dois meses da CPMI foram caracterizados pela tentativa de “blindar os poderosos” por parte de aliados do Governo. Ele defendeu a convocação do general Marco Edson Gonçalves Dias, o militar que comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em 8 de janeiro e que teve imagens gravadas em vídeo ao lado de manifestantes dentro do Palácio do Planalto na data.
O senador Magno Malta (PL-ES), segundo vice-presidente da CPMI, disse que espera que a comissão tenha "equilíbrio e bom senso".
"Eu espero que tenhamos uma reunião da diretoria, da mesa da CPI, com o presidente, deputado Arthur Maia (União-BA). Tenho proposto isso a ele, com a relatora Eliziane e o vice, senador Cid Gomes (PDT-CE), para que possamos delinear de maneira que haja um equilíbrio. Nós esperamos que a gente comece a ouvir, que haja, na visita que propus, a divisão de dois grupos para visitar as cadeias e falar com as pessoas", afirmou à Agência Senado.