VICTORIA AZEVEDO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou que recebeu depoimentos de servidores relatando assédio moral que sofreram durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) na pasta da Cultura. Segundo Margareth, esses relatos "foram as coisas mais violentas".
"O sofrimento das pessoas que ficaram aqui, resistindo, segurando o pouco que restava das estruturas de uma política pública cultural, passaram", afirmou a ministra durante café da manhã com jornalistas realizado nesta quarta-feira (8). Ela estava acompanhada do secretário-executivo da pasta, Márcio Tavares.
"Você vê pessoas que vinham para cá trabalhar dando depoimento de assédio moral, de não poder usar máscara [de proteção contra a Covid-19]. Foram muitas coisas. Temos alguns depoimentos. Isso foi a coisa mais difícil, porque a cultura é uma coisa viva, o ser humano que faz acontecer", afirmou a ministra.
Ela não deu mais detalhes sobre os depoimentos.
Na gestão Bolsonaro, a cultura se tornou um campo de batalha política com diversos ataques do próprio ex-presidente e de seus aliados à classe artística e à Rouanet.
Passaram pelo comando da pasta da Cultura nomes como o dramaturgo Roberto Alvim, demitido após copiar um discurso nazista, a atriz Regina Duarte e o ator Mário Frias, eleito deputado federal em outubro de 2022.
Matéria da Folha de S.Paulo publicada em maio de 2021 trouxe relatos de pessoas que afirmaram terem presenciado episódios de assédio moral por parte do então secretário Mário Frias, com direito a berros e xingamentos.
Os relatos de assédio moral contra funcionários não ficaram restritos à Secretaria Especial da Cultura. Ex-presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, uma das figuras mais polêmicas da gestão da Cultura no governo Bolsonaro, também foi acusado de assédio moral, perseguição ideológica e discriminação contra funcionários da instituição.