Contra-atacando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner disse, nesta quinta-feira, em entrevista, que o peemedebista não conseguiu conquistar "aquilo que ele alardeia" e completou que Cunha est[a "sempre ameaçado para conseguir o que quer".
— Ele não conquistou aquilo que ele alardeia que foi motivo de chantagem. Eu não sou obrigado a ser verdadeiro com alguém que usa seu próprio poder para paralisar o País e paralisar a vida do Congresso Nacional. Tanto que imediatamente depois, ele disse que vai prorrogar a CPI. Sempre é a ferramenta da ameaça, que é a prática do presidente da Casa. Sempre ameaçando para conquistar o que quer.
Em seguida, disse que estar "muito tranquilo" e reafirmou que "quem mentiu foi o presidente Eduardo Cunha". Wagner disse que "o [deputado] André Moura não esteve ontem com a presidenta Dilma, esteve comigo".
O ministro afirmou que a estratégia do governo vai se pautar em "mostrar a realidade dos fatos e desmontar a tese do impeachment sem causa". Em seguida, Wagner alfinetou Eduardo Cunha.
— Nossa briga não é com o Eduardo Cunha. O presidente Eduardo Cunha tem uma briga com o Conselho de Ética, não é conosco. Essa é uma questão interna corporis da Câmara dos Deputados. Nem eu acho que a presidenta possa se ocupar de ficar fazendo um debate mano a mano.
Logo depois, traduziu a situação atual do cenário político em Brasília: "O que eu acho agora é que se sai da coxia, como se diz no teatro, e vem-se para o palco e acaba qualquer tipo de chantagem do tipo: 'se não fizer isso, vou despachar o impeachment. Todo mundo sabe disso. É público as idas e vindas as conversas com a oposição' ou 'Se me dão o voto, eu solto o impeachment. Se não me dão o voto, não solto o impeachment'.
— Como ficou feio lá com as oposições, que está se abraçando nessa negociação, ele vem tentar conosco. E também não levou. Então, na verdade, o grande derrotado desse processo é o presidente da Casa que vai ter que enfrentar, sem ameaças, o processo do Conselho de Ética.
Mais cedo, o presidente da Câmara chamou a imprensa e disse que a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), "Mentiu à nação em rede de televisão". na última quarta-feira (2). O peemedebista disse que Dilma tentou barganhar a aprovação da CPMF ("imposto do cheque") na Câmara em troca dos votos dos três deputados petistas que fazem parte do Conselho de Ética da Casa.
Cunha na Presidência da Câmara
Questionado se Eduardo Cunha ainda mantinha as prerrogativas para continuar na Presidência da Câmara dos Deputados, Wagner disse, pouco depois de dizer que não queria julgar ninguém, que o peemedebista "perdeu a legitimidade".