De olho em comissão, Bolsonaro cria polêmica com gays e negros

Sem temer pressão de movimentos sociais, deputado federal quer substituir Marco Feliciano

Bolsonaro | Reprodução
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O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), envolvido em várias polêmicas ao se posicionar contra as lutas de movimentos sociais na Câmara dos Deputados, quer ser o novo presidente da CDH (Comissão dos Direitos Humanos). Ele quer substituir o também polêmico deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que assumiu a comissão em março de 2013.

Ele acredita que assumir o colegiado é uma boa forma de ter ?visibilidade? em um ano de eleições, e não teme a pressão de grupos que se sentem discriminados por ele.

Para Bolsonaro, ?quanto mais se fala em direitos humanos, mais a violência cresce em nosso País? e, por isso, ele vai abrir espaço para debates que defendem os ?seres humanos?.

Em entrevista, Bolsonaro disse ser a favor da pena de morte, levantou a bandeira pela redução da maioridade penal e pela revogação do Estatuto do Desarmamento.

Sobre o movimento negro, Bolsonaro foi categórico: ?não quero saber a cor de pele de ninguém?. E a opinião do deputado sobre o movimento homossexual também não mudou ? continuam sendo ?o que há de pior na sociedade?.

Confira entrevista abaixo:

Como estão as negociações? O senhor está otimista, acha que vai conseguir presidir Comissão de Direitos Humanos?

Jair Bolsonaro: O nosso partido [PP] tem direito a duas comissões. Tem 90% de chance de uma delas ser a de Direitos Humanos. O líder do partido fechou comigo. Não sou eu falando com meia dúzia de deputados, o líder fechou. Até porque, ele sabe que essa comissão dá visibilidade, é importante, estamos em um ano de eleições. O partido teria como aparecer bastante em algumas propostas que eu levaria. O pessoal concorda comigo. Além disso, eu estou no sexto mandato, está na hora de eu assumir alguma coisa.

E os acordos com os partidos? Não vai ter resistência do PT para abrir mão da CDH?

Bolsonaro: Vai. Mas, de qualquer maneira, o PT já está se desgastando porque, para pegar a comissão de Direitos Humanos, ele vai ter que abrir mão de uma comissão importante. E a CDH é uma comissão que ninguém quer. Ela ganhou visibilidade com o Marco Feliciano (PSC-SP). Antes, ela sobrava, caia no colo dos partidos, porque sempre tratou de coisas que a grande maioria da população é contra.

O senhor tem algum projeto em mente, diante de toda a polêmica do ano passado, quando o deputado Marco Feliciano assumiu a presidência da CDH?

Bolsonaro: É porque tinha o ativismo gay que imperava ali. Por exemplo, em 2010, o Chico Alencar (PSOL-RJ) patrocinou uma emenda de R$ 11 milhões para causa LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais].

E o senhor não concorda com isso?

Bolsonaro: Não! Lógico que não! Com tantas coisas mais importantes para você destinar esse recurso?

O senhor não teme uma reação, como foi com o Marco Feliciano no ano passado?

Bolsonaro: Os homossexuais vão se fazer presentes. Eu vi agora na internet que a juventude socialista vai fazer uma manifestação. Mas não é só isso. Já foi em frente na comissão um seminário LGBT infantil. Isso é uma excrecência. Esses facínoras, que eu prefiro chamar de marginais, que integravam a comissão naquela época, deram apoio a um seminário onde você discute se um menino de 11 anos de idade já é menino ou pode ser menina ainda. E você tem que dar direito e deixar ele desabrochar sua sexualidade. Isso é uma covardia. E, em cima disso, vem o material didático. Tudo que, no meu entender, serve para estimular o homossexualismo.

O senhor está preparado para enfrentar as manifestações contrárias? No ano passado, o início do ano legislativo foi conturbado e os protestos impediam inclusive o trabalho da comissão. Como o senhor pretende agir?

Bolsonaro: Isso aí eu tiro de letra. Não são esses ativistas gays e de movimentos negros que vão me atrapalhar. Esse ativismo negro é porque eles têm recurso, porque eles estão bancados em cima de ONGs [Organizações Não-Governamentais], em cima de recursos orçamentários para fazer gritaria ali.

E como o senhor se posiciona em relação aos projetos voltados para os negros, como as ações afirmativas?

Bolsonaro: A grande maioria dos negros são contra as cotas, por exemplo. Eu costumo dizer que naquela comissão, caso eu seja eleito, vou tirar de letra a causa negra porque enquanto eu for presidente eu faço questão de dizer que sou daltônico. Todos nós somos iguais. Não quero saber a cor de pele de ninguém. Todos somos iguais, cumprindo a Constituição Federal.

E o senhor não teme as pressões?

Bolsonaro: Você está de brincadeira comigo! Eu estou acostumado a enfrentar a pressão de homem e não de moleque de manifestação que vai fazer bagunça na Comissão de Direitos Humanos. Isso aí, pra mim, dá até mais força.

Então, que tipo de proposta o senhor vai defender, se assumir a presidência da CDH?

Bolsonaro: É uma comissão que sempre esteve a serviço do que há de pior na sociedade, que é o vagabundo presidiário, que está cheio de direitos, é o drogado, é o homossexual. Eu não vou apoiar nenhuma política para quem está à margem da lei. Eu quero ouvir, em debate, familiares de vítimas da violência. Eu pretendo colaborar para reverberar a necessidade de reduzirmos a maioridade penal. Também defendo uma política de planejamento familiar, ao contrário do que o governo prega com a paternidade irresponsável, estimulando as pessoas sem cultura a terem mais filhos. Eu sei que não é atribuição minha, mas eu quero ajudar a reverberar a possibilidade de revogar o Estatuto do Desarmamento. O governo do PT desarmou o cidadão de bem e a vagabundagem está toda armada por aí.

E quais outras bandeiras o senhor levanta?

Bolsonaro: Eu sei que é cláusula pétrea da Constituição, mas, se depender de mim, eu vou dar espaço para gente que vai defender a pena de morte na comissão. Direitos Humanos para seres humanos. Quem não é ser humano, cadeia. E, se for o caso, a morte. Além disso, o trabalho forçado para o presidiário, o fim do auxílio-reclusão, que é uma excrecência. O marginal mata, estupra, vai preso e a família dele tem amparo. A família do estuprado, da vítima, não tem amparo nenhum. Não tem cabimento. Quanto mais se fala em direitos humanos, mas a violência cresce em nosso País.

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