A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal votou para rejeitar duas ações que pedem a suspensão da Copa América. O placar confirma a realização do evento no país a partir do próximo domingo (13).
O tema é julgado no plenário virtual do STF, onde os ministros se manifestam eletronicamente. As duas ações têm a ministra Cármen Lúcia como relatora.
A maioria dos ministros acompanhou o voto de Cármen, que rejeitou os dois pedidos por questões processuais. Veja detalhes dos processos no vídeo abaixo, anterior à formação da maioria:
Relator de um terceiro processo sobre o tema, o ministro Ricardo Lewandowski votou para que o governo tivesse de apresentar, em 24 horas, um plano "compreensivo e circunstanciado acerca das estratégias e ações que está colocando em prática, ou pretende desenvolver, para a realização segura" do evento.
Lewandowski também votou para determinar que os governos do Distrito Federal e dos estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás, assim como os municípios do Rio de Janeiro, Cuiabá e Goiânia, que pretendem sediar jogos, "divulguem e apresentem ao Supremo Tribunal Federal, em igual prazo, plano semelhante, circunscrito às respectivas esferas de competência".
Até a publicação desta reportagem, não havia maioria para concordar com Lewandowski e pedir esses documentos aos governos.
As ações em julgamento
As ações sob relatoria da ministra Cármen Lúcia foram apresentadas pelo PSB e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos. Já o processo sob relatoria de Lewandowski foi apresentado pelo PT.
A ação do PSB foi apresentada no dia 31 de maio, depois da divulgação de que o país iria sediar o torneio.
No processo, o PSB argumentou que "a intensa circulação de visitantes em território nacional promoverá evidente propagação do vírus da Covid por diversos estados brasileiros, bem como a potencial entrada de novas variantes virais em território nacional, em momento no qual as autoridades sanitárias já lutam contra a sedimentação da variante indiana".
Já o pedido da entidade sindical foi apresentada no dia 1º de junho. A confederação pediu que o tribunal fixe um entendimento no sentido de que o país não pode ser sede de competições internacionais no esporte "enquanto perdurar a necessidade de isolamento social, o estado de pandemia e de calamidade pública em razão da Covid".
O pedido do PT foi apresentado em uma ação que já tramitava no STF desde o fim do ano passado - por isso, ficou sob a relatoria do ministro Lewandowski. O partido sustentou que a realização do evento viola o direito à saúde.
Torneio
A Copa América seria realizada na Colômbia e na Argentina, mas foi cancelada na Colômbia em razão de protestos no país. Depois, o torneio também foi cancelado na Argentina por causa do avanço da Covid.
O Brasil, então, foi escolhido como sede, e a decisão teve o apoio do presidente Jair Bolsonaro. O torneio começa no próximo dia 13.
A realização no Brasil, contudo, tem sido criticada por especialistas em saúde pública. Isso, porque o país soma 474,6 mil mortes por Covid e 16,9 milhões de casos confirmados da doença.
Inicialmente, o governo disse que exigiria que todos os integrantes de todas as delegações estivessem vacinados. Depois, voltou atrás e informou que os atletas serão testados a cada 48 horas.
Placar
A votação vai até as 23h59 desta quinta. Até as 20h30, todos os ministros já tinham votado e o placar das ações em julgamento estava assim:
Ação do PSB, relatada por Cármen Lúcia
- 9 votos para rejeitar ação por questões processuais: Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Rosa Weber, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Nunes Marques
- 1 voto para que decisão sobre realização do evento seja dos gestores públicos, não do Judiciário: Edson Fachin
- 1 voto para que a Copa América ocorra desde que adotados protocolos de segurança sanitária adequados: Alexandre de Moraes
Ação da Confederação dos Metalúrgicos, relatada por Cármen Lúcia
- 11 votos para rejeitar ação por questões processuais
Ação do PT, relatada por Ricardo Lewandowski
- 6 votos pela rejeição da ação por questões processuais: Marco Aurélio Mello, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Nunes Marques
- 5 votos para rejeitar a ação, mas obrigar o governo a realizar um plano para a realização segura do evento: Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Edson Fachin