O advogado Ralph Tórtima, que faz a defesa do empresário Roberto Mantovani Filho, 71 anos, Andreia Mantovani, 45 anos, e Alexandre Zanatta, 41 anos, acusados de abordar o ministro Alexandre de Moraes e o filho Alexandre Barci de Moraes, no Aeroporto de Roma, na Itália, no dia 14 de julho, negou a existência de qualquer motivação política dos suspeitos no episódio.
De acordo com o advogado, o debate foi causado pela falta de lugares na sala VIP do aeroporto e que o episódio não envolvia diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal, mas o seu filho. Ralph Tórtima fez críticas sobre a apreensão dos celulares dos suspeitos pela Polícia Federal. Segundo o advogado, a questão englobava um espaço da sala VIP e não havia qualquer relação política.
"Eu acho um absurdo uma ordem judicial nesse sentido, de apreensão de celulares e de computadores, numa situação que quando muito tivesse sido comprovada alguma ofensa ela não seria ao ministro, seria ao filho dele”, relatou o advogado, declarando que o caso foi mais uma questão especulativa e informou que os aparelhos de celulares ão têm relação com o suposto crime.
As três pessoas suspeitas foram abordadas e inquiridas pela Polícia Federal logo que chegaram ao Brasil, no último dia 15. O advogado disse ainda que os suspeitos foram informados que teriam de se manifestar sobre o episódio, mas não foram advertidos sobre quais trâmites processuais iniciais, como o direito ao silêncio e direito de defesa.
“Foram abordados, filmados e fotografados assim que saíram do avião e submetidos a um interrogatório absolutamente contrário àquilo que se espera e aquilo que está previsto em lei”, afirmou o advogado. A defesa fez críticas ao fato de que o ministro e o seu filho não foram chamados para prestar depoimento à PF até o presente momento.
No depoimento, o empresário Roberto Mantovani Filho afirmou que “afastou” o filho do ministro Alexandre de Moraes com os braços porque sua esposa se sentiu desrespeitada pelo filho de Moraes. Já Andreia Mantovani declarou que criticou a possibilidade da família ter tido algum privilégio para acessar a sala VIP. Já Alexandre Zanatta negou as acusações.
Confusão por falta de espaço na Sala Vip
A defesa diz que o casal Mantovani e Zanatta chegou à sala VIP do Aeroporto Internacional de Roma (Itália) e não havia visto o ministro Alexandre de Moraes. Ao acessar a entrada da sala VIP, Roberto identifica o ministro no espaçol reservado e informa à família. O advogado diz que os suspeitos tentaram entrar, mas foram informados que não poderiam entrar porque a sala já estava cheia. Foi quando Andréia se dirigiu à recepção e criticou o fato de não poder entrar na sala. Foi neste momento, de acordo com o advogado, que o filho do ministro teria feito ofensas à mulher.
Em razão das ofensas do filho do ministro, Roberto Mantovani teria afastado o filho do ministro com o braço. A defesa não soube informar se foi um tapa ou se o suspeito empurrou o filho do ministro, que questionou ao empresário se ele queria briga e ouviu resposta negativa do empresário.
Defesa critica Lula
O advogado Ralph Tórtima criticou a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que nesta quarta considerou os suspeitos de hostilizar o ministro como "animal selvagem". Ele disse que a fala do presidente é resultado de “desconhecimento”. O advogado analisa que houve “falha grave” da assessoria do chefe do Executivo. “Tivesse o presidente conhecimento do que de fato aconteceu com toda certeza não teria dado uma manifestação infeliz como essa”, afirmou.
A respeito dos comentários do ministro da Justiça, Flávio Dino, Tórtima afirma que é evidente que ele “tentou dar legalidade” a todo o procedimento instaurado contra os suspeitos.