O Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou nesta sexta-feira (26) a exoneração de Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, delegado da Polícia Federal, do cargo de coordenador de Aviação Operacional. A decisão foi oficializada no Diário Oficial da União (DOU) e foi assinada por Diego Galdino, secretário-executivo da pasta.
A medida ocorreu um dia após o afastamento de Carlos Afonso de suas funções, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O delegado estava sob investigação em relação ao uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitoramento ilegal de autoridades durante o governo de Jair Bolsonaro.
Carlos Afonso, que ocupou um cargo de direção na Abin, foi mencionado nas investigações como parte do "núcleo de alta gestão" da agência, agindo em conjunto com o então diretor-geral Alexandre Ramagem, também alvo da operação.
As investigações indicam que Ramagem, policiais e delegados da PF cedidos à Abin, assim como servidores da agência, teriam participado de uma organização criminosa para monitorar ilegalmente autoridades públicas, em um caso conhecido como "Abin paralela". O monitoramento ilegal teria sido realizado por meio do programa espião First Mile, adquirido pela Abin em 2018, que permitia rastrear os alvos por meio da localização de seus celulares.
A reportagem está em busca de declarações da defesa de Carlos Afonso, enquanto, na quinta-feira, após a operação, o ex-presidente Jair Bolsonaro não comentou diretamente sobre o caso nas redes sociais, mas compartilhou um vídeo antigo no qual Ramagem alega que o programa espião foi adquirido durante a gestão do ex-presidente Michel Temer. Ramagem classificou a operação como uma "perseguição" e negou ter tido acesso às senhas do sistema de monitoramento.