O deputado federal José Augusto Maia (Pros-PE) disse que recebeu e recusou oferta de vantagem financeira para que seu partido integrasse a coligação do candidato a governador Paulo Câmara (PSB), o escolhido pelo presidenciável Eduardo Campos para sucedê-lo em Pernambuco.
Segundo o deputado, a oferta de propina foi feita pelo presidente nacional do Pros, Eurípedes Jr., e pelo líder da bancada do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PE).
Todos os citados que foram ouvidos negaram a oferta. Em Brasília, o PP e o Pros atuam em bloco que reúne 59 deputados federais.
Augusto Maia, que defendia o apoio à candidatura de Armando Monteiro (PTB) em Pernambuco e acabou destituído do comando do Pros no Estado, não quis dizer quanto teria sido oferecido, argumentando que não tem provas, mas disse que pretende informar os valores à Justiça.
A outros deputados federais dois deles foram ouvidos sob condição de anonimato pela e contaram a mesma história Maia afirmou que a oferta foi de R$ 6 milhões, sendo que R$ 2,5 milhões seriam reservados a ele.
Já disse que foi uma proposta indecorosa, vergonhosa, impublicável e não republicana, disse. Estou dizendo que foi uma proposta, com outras palavras, de vantagem financeira. Não estou dizendo as cifras, mas para bom entendedor o silêncio é o bastante, né? No juízo eu quero, aí eu vou dizer.
O deputado afirmou ter ficado indignado com a oferta, mas, segundo o próprio relato, só decidiu torná-la pública 15 dias após o primeiro contato, quando ficou claro que o Pros não lhe daria condições de concorrer à reeleição.
O Pros e o PP decidiram apoiar Câmara, que foi secretário da Fazenda de Campos no Estado. O presidenciável governou Pernambuco de 2007 até o começo deste ano.
Em discurso na Câmara na quinta (17), Maia disse que foi destituído do Pros por não ter aceito uma proposta "indecorosa e vergonhosa", conforme o jornalista Elio Gaspari no domingo (20).
À reportagem Augusto Maia contou em detalhes os dois encontros em que ele diz que as ofertas foram feitas.
"IRRECUSÁVEL"
O primeiro, diz o deputado, foi no saguão do hotel Atlante Plaza, na praia de Boa Viagem, no Recife (PE), na manhã de 12 de junho, dia do jogo de abertura da Copa.
Além dele, estavam presentes Eurípedes e os deputados federais Givaldo Carimbão (AL), líder do Pros na Câmara, Salvador Zimbaldi (Pros-SP), Ronaldo Fonseca (Pros-DF), Márcio Junqueira (Pros-RR) e Major Fábio (Pros-PB).
Segundo Maia, Eurípides e Carimbão mencionaram uma "proposta irrecusável que o Pros teria recebido para apoiar o PSB em Pernambuco. Fonseca e Fábio permaneceram calados e Junqueira ficou falando no celular.
Segundo dois colegas de Maia, os participantes da conversa não falaram em números por ter medo de grampo e anotaram os valores da propina numa folha de papel.
Após o encontro, Maia foi destituído da presidência do Pros estadual. O apoio ao PSB foi anunciado no mesmo dia.
Maia diz ter rechaçado a proposta, mas continuou em negociação com o Pros e o PP, pois pretendia se lançar à reeleição em uma coligação exclusiva entre os dois partidos.
Segundo ele, essa hipótese foi descartada em uma segunda reunião, desta vez na sede do PP de Pernambuco, no dia 16 de junho, com o líder do PP, Eduardo da Fonte.
No encontro, diz, o deputado do PP sugeriu que falasse com o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), também aliado de Campos. Segundo Maia, Fonte fez proposta de propina durante a reunião.
O apoio do PP e do Pros deve garantir à candidatura de Paulo Câmara mais de 1 minuto e meio no horário eleitoral na TV. Nacionalmente, as duas siglas apoiam a reeleição da presidente Dilma Rousseff.