O bilionário Eike Batista oficializou nesta quinta-feira seu interesse em assumir o controle do Maracanã. Uma de suas empresas, a IMX, entrou em um dos dois consórcios que apresentaram propostas ao governo do Rio de Janeiro para gerir o complexo esportivo, que será privatizado.
A IMX é parceira da Odebrecht e da AEG na concorrência pelo estádio. Juntas, elas formam o Consórcio Maracanã SA. O grupo vai disputar o controle do Maracanã com o Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro, formado pela construtora OAS, a Stadion Amsterdam e Lagardere Unlimited.
A entrega das propostas ocorreu nesta manhã em uma sessão tumultuada na sede do governo do Rio de Janeiro, o Palácio Guanabara. Protestos atrasaram o plano inicial da reunião, que ocorreu uma hora e meia depois do previsto e ainda está sendo contestada por deputados estaduais presentes.
O deputado Marcelo Freixo, por exemplo, disse ainda durante a sessão que o fato de o governo não ter liberado a entrada de populares na reunião a torna ilegal. "O modelo de licitação garante o acesso livre da população", disse ele. "Vamos recorrer à Justiça e ver o que vai acontecer."
Freixo defende que a sessão seja anulada. Em entrevista coletiva, ele também questionou a participação da IMX na concorrência pelo Maracanã. "É para lá de suspeito a participação de uma empresa que teve acesso a informações que a diferenciam das demais", disse Freixo.
A IMX foi a autora do estudo de viabilidade que baseou o projeto do governo do Rio de privatizar o Maracanã. O MP-RJ (Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro) e o MPF (Ministério Público Federal) já entraram na Justiça pedindo a suspensão da licitação por entender que a IMX está sendo beneficiada na concorrência.
O secretário estadual da Casa Civil, Regis Fichtner, contesta esses argumentos. Ele reiterou nesta quinta-feira que nenhuma empresa sendo beneficiada e também defendeu a legalidade da sessão de entrega de propostas. "Cumprimos hoje mais uma etapa do processo de concessão do Maracanã", afirmou, antes mesmo do fim da reunião.
Já a IMX informou, em nota, que aguarda o resultado da licitação para se pronunciar.
A privatização do Maracanã foi anunciada pelo governo no ano passado. Neste ano, foi publicado o edital de licitação, que prevê, entre outras coisas, a demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros, do Parque Aquático Julio Delamare e da Escola Municipal Friedenreich, que ficam ao lado do estádio.
A concessão do complexo terá um custo R$ 111 milhões ao Estado do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, dará um lucro de R$ 1,4 bilhão à empresa que assumir o espaço. Quem ganhar a licitação, ficará responsável por gerir o estádio e seus anexos por 35 anos.