A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta sexta-feira, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, a destinação de R$ 5,4 bilhões para obras de mobilidade urbana na região metropolitana de São Paulo.
Os recursos serão aplicados na expansão da Linha 2 do Metrô (Vila Prudente-Vila Formosa), expansão da Linha 9 do trem urbano para a Zona Sul, implantação de trem urbano na Linha Zona Leste-Aeroporto de Guarulhos, além da modernização de 19 estações de trem metropolitano.
Segundo o governo federal, a União já destinou R$ 21 bilhões para obras de mobilidade urbana no estado. Somados com recursos do estado, os investimentos chegam a R$ 33 bilhões.
A presidente afirmou que seria impossível para estados e municípios tocarem obras sem apoio do crédito barato e garantido do governo federal. O financiamento tem prazo de 30 anos, com cinco anos de carência e juros subsidiados.
Dos R$ 5,4 bilhões, a União vai arcar, de acordo com o governo estadual, com R$ 1,34 bilhão; o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai emprestar R$ 1,5 bilhão ? outros R$ 2,56 bilhões serão aportados por fontes ainda não definidas.
Antes de chegar a São Paulo, a presidente Dilma Rousseff destacou em sua conta no Twitter o volume de recursos destinados pelo governo federal ao estado de São Paulo, afirmando que os governos locais não conseguiriam tocar as obras sem esse reforço.
?Governo federal está colocando R$ 21 bi de investimento em #MobilidadeUrbana no Estado de SP, q viabilizam investimento total de R$ 33 bi. Seria impossível p/ Estados e municípios tocarem obras s/ apoio do crédito barato e garantido do governo federal.
#MobilidadeUrbana?, escreveu Dilma no microblog.
Ela ressaltou também que os recursos faziam parte do esforço do governo a atender às demandas das manifestações de junho desse ano, parte das quais relacionadas ao transporte público.
?Os movimentos de junho não foram apenas pelos 20 centavos [previsão, na ocasião, de aumento da tarifa do transporte, que acabou sendo suspenso]. Foram por mais direitos?, escreveu. Ela voltou a comentar sobre os cinco pactos firmados com prefeitos, governadores e líderes parlamentares. ?Oferecer transporte urbano de qualidade, ágil e a preço justo é um desafio de todos os prefeitos e governadores?, afirmou.
Em julho deste ano, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad reuniram-se com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior para solicitar recursos federais para obras de mobilidade urbana. Juntos, os dois pediram R$ 17,3 bilhões para o estado e município.
As manifestações de junho levaram a presidente a anunciar, em rede nacional, cinco pactos com governadores e prefeitos para atender às demandas das ruas. Um dos pactos firmados por Dilma foi o de melhorar as condições do transporte urbano nas cidades.
As obras
Dentre as obras a serem executadas com os R$ 5,4 bilhões anunciados por Dilma, a linha 13-Jade, de trem urbano, terá 12 km de extensão e vai ligar a estação Engenheiro Goulart, da Linha 12-Safira, ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
A extensão da Linha 9-Esmeralda vai acrescentar mais 4,5 km em direção a Zona Sul a partir do Grajaú. Serão construídas as estações Mendes-Vila Natal e Varginha.
O prolongamento da Linha 2-Verde do Metrô contempla o trecho Vila Prudente-Dutra, com 14,4 km de extensão e 13 novas estações. As obras devem começar em 2014.
Risos
A menos de um ano das eleições de 2014, em que deverão estar em polos opostos, a presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) trocaram abraços e agradecimentos na cerimônia desta sexta no Palacio dos Bandeirantes.
Embora tenha se esforçado, Dilma não conteve o riso quando Alckmin, durante o discurso, reclamou da paralisação de uma obra do Metrô por causa de um prato antigo encontrado durante escavações de uma estação da Linha 5-Lilás do Metrô.
"Eu visitei a AACD [Associação de Assistência à Criança Deficiente] e fiquei preocupado por que me disseram que foi embargada a estação no estacionamento da AACD porque encontraram uma cerâmica. Alguém lá no século passado esqueceu um prato lá, encontraram uma cerâmica e pá, seguraram", dizia Alckmin, enquanto Dilma colocava a mão na boca para não rir.
Depois, em seu discurso, Dilma lembrou o prato citado por Alckmin e disse que o Brasil precisa amadurecer no que diz respeito ao licenciamento de obras públicas. Ela também se referiu à interrupção da maior obra pública do PAC, no Rio, em 2009, por causa do achado de uma espécie em extinção.
"O governador falou lá do prato que achou, o tal do prato. Eu lembro da sapa do Lula, da perereca do Lula, no Arco Rodoviário do Rio de Janeiro. Nós achamos cada coisa que o senhor nem imagina. A gente acha umas plantas que só dá ali. Eu acho que isso é uma coisa que o Brasil tem de amadurecer. É fundamental que o Brasil trate investimentos com seriedade, mas não se pode aceitar de jeito nenhum que certas coisas sejam obstáculos. Nós viemos aqui para resolver", disse Dilma.
Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, o governador esteve na quinta-feira no local e verificou que havia certa paralisação em um trecho do canteiro porque tinha sido encontrado um fragmento de barro ou porcelana.
"Quando isso ocorre, para e tem de chamar os orgãos de arqueologia para que eles analisem e deem parecer. Isso para nós é complicado, mas temos de obdecer a regra. O que às vezes irrita não é ter que parar a obra, mas a demora do órgão fiscalizador, que não tem tempo de dar aval logo", disse Fernandes.