Candidatos ao Senado pelo PT, só com o aval da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Essa é a ordem dentro do partido que ontem reuniu sua Executiva Nacional em Brasília para discutir veto à realização de prévias entre pré-candidatos. A decisão, que deve ser chancelada pelo Diretório, é uma forma de conter desgastes e de colocar a pré-candidata na linha de frente de negociações regionais. A intenção é também dar mais tempo para as desavenças serem resolvidas nos estados.
O presidente do partido, José Eduardo Dutra, propôs 6 de junho como prazo para a apresentação da chapa de candidatos e acabar com datas intermediárias nas negociações. O entendimento é que as instâncias menores estavam engessadas para tomar as decisões. A ideia, na prática, reduz a pressão nos locais onde há fricções para encontrar os nomes que disputarão as eleições de outubro. A flexibilização também passará pelo crivo do Diretório Nacional, em reunião marcada para hoje.
A disputa interna pela indicação às candidaturas ao Senado ocorre em Mato Grosso, em Pernambuco e no Rio de Janeiro. Como o PT não lida bem com prévias por avaliar que elas são desastrosas para a unidade do partido na campanha, a Executiva orientou a busca por consenso. Além da negociação entre os pré-candidatos, a proposta é colocar a ministra Dilma para negociar os acordos e escolher quem ela perceber mais competitivo e agregador ao projeto nacional.
?É uma decisão que deve ser tomada com base no desempenho dos pré-candidatos e consultando a nossa candidata para saber qual estará mais afinado para fortalecer a campanha presidencial e não o contrário. Nós não podemos eleger um senador e não eleger o presidente da República?, disse o líder do PT na Câmara, Fernando Ferro (PE), após a reunião da Executiva.
Cabo de guerra
Em Pernambuco, o clima é tenso entre o ex-ministro Humberto Costa e o ex-prefeito de Recife João Paulo Lima e Silva. A história se repete no Rio de Janeiro, que colocou em lados opostos a ex-governadora Benedita da Silva e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. Em Mato Grosso, a disputa está entre a senadora Serys Slhessarenko e o deputado Carlos Abicalil.
No Rio, o grupo que defende a indicação de Lindberg lembra que as passagens de Benedita pelo Executivo federal e pelo governo estadual foram desastrosas. À frente da Secretaria Nacional de Assistência e Promoção Social, usou dinheiro público, depois ressarcido, para participar de evento religioso na Argentina, o que lhe custou o cargo. No estado, a petista é criticada por ter feito uma gestão temerária em Segurança Pública. O prefeito passou a pleitear o Senado depois de entrar numa disputa interna para se lançar contra o governador Sérgio Cabral (PMDB), que é mais próximo de Benedita, o que pode lhe ser favorável.
Outro quesito na escolha dos candidatos, segundo os petistas, é a opinião dos aliados. Em última instância, caso a radicalização torne o acordo improvável, a questão chegará à mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o caso de Minas Gerais, onde o grupo do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o do ministro de Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, estão em pé de guerra para saber quem deve ser o pré-candidato ao estado. O presidente estadual da legenda, Reginaldo Lopes, aliado do ex-prefeito, disse estar convencido de que o PT tenha candidato próprio e não ceda a vaga a um nome do PMDB, em especial o ministro das Comunicações, Hélio Costa.
Já o ex-ministro Nilmário Miranda, aliado de Patrus, defende o acordo com os peemedebistas e entende que Pimentel saia para disputar uma vaga à Câmara dos Deputados para ter mais tempo de liderar a coordenação de campanha de Dilma ao Palácio do Planalto.