A presidente Dilma Rousseff se reúne na manhã desta sexta-feira (11) com representantes de centrais sindicais para discutir o reajuste da tabela do Imposto de Renda, políticas de valorização das aposentadorias e o fim do fator previdenciário.
Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, a prioridade será discutir a correção do IR, prevista para ser definida nas próximas semanas.
O governo quer editar uma medida provisória que estabeleça um reajuste da tabela de 4,5%, centro da meta da inflação, mas os sindicalistas defendem um aumento de 6,46%, índice maior que o da inflação oficial de 2010, que foi de 5,91%.
?É possível [aumentar o índice de reajuste]. Tem espaço para isso. Achamos 4,5% pouco?, afirmou Gonçalves. A MP que reajustará a tabela do Imposto de Renda está sendo elaborada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Os sindicalistas defendem ainda um acordo que determine as regras para o reajuste da tabela do IR até 2014.
Eles também querem instaurar um ?canal de diálogo? com o governo sobre a proposta de extinguir o fator previdenciário, fórmula usada para o cálculo das aposentadorias por tempo de serviço do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O fator previdenciário foi criado para inibir aposentadorias precoces, pois ajusta o valor do benefício à expectativa de vida do trabalhador.
?Este é um primeiro encontro com a presidenta. A maioria das centrais apoiou a candidatura dela, e essa reunião demonstra uma disposição de diálogo com o governo. Esperamos que ela designe um ministro para debater com a gente o fim do fator previdenciário?, afirmou o secretário-geral da Força Sindical.
Ao votar a favor da proposta do governo de reajuste do salário mínimo para R$ 545, o senador Paulo Paim (PT-RS), que havia defendido anteriormente um aumento do mínimo para R$ 560, afirmou que Dilma se comprometeu a discutir a questão do fator previdenciário em troca do apoio da base aliada.
Outra reivindicação das centrais sindicais é a aprovação de uma política de longo prazo de valorização das aposentarias que garanta aumento real dos benefícios.
4,5% é o índice defendido pelo governo para o reajuste da tabela do IR
O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Antonio Neto, afirmou que vai manifestar oposição às medidas adotadas pelo governo para controlar a inflação, como aumento da taxa de juros. Segundo ele, é preciso encontrar alternativas para conter a alta dos preços, pois os trabalhadores "sofrem muito" com cortes de gastos e juros altos.
Cortes no Orçamento
Em meio ao esforço de ajuste fiscal do governo, que anunciou um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento de 2011, os sindicalistas devem encontrar dificuldades para aprovar suas propostas.
Em entrevistas, o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, e o ministro da Fazenda, afirmaram, por exemplo, que o reajuste da tabela do IR será de 4,5%, abaixo do reivindicado pelas centrais.
O governo também demonstrou irredutibilidade na aprovação do reajuste do salário mínimimo. Contrariando as demandas dos sindicalistas, que defendiam mínimo de R$ 560, o Congresso aprovou a proposta do Executivo de reajuste para R$ 545.
Apesar da vitória, Dilma decidiu excluir o PDT, partido do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, da primeira reunião no Planalto com líderes da base aliada na Câmara dos Deputados. Nove deputados pedetistas votaram a favor da proposta da oposição que aumentava o salário mínimo para R$ 560.