Neste domingo (27), o presidente mundial do Santander, Emilio Botín, afirmou que todos os responsáveis pela elaboração e pela aprovação do texto serão demitidos após uma investigação interna.
Indagada se a decisão que pretende tomar é processar o banco, a presidente não quis revelar. Afirmou que não iria especular sobre eventuais atitudes. "Sou presidenta e tenho que ter atitude que seja mais prudente", disse. Ela disse que, antes de qualquer medida, pretende conversar. "Eu conheço bastante bem o presidente do banco. Eu pretendo, inclusive, conversar a respeito", declarou.
Segundo a presidente, é "inadmissível para qualquer país aceitar qualquer nível de interferência de qualquer integrante de forma institucional. É inadmissível". Questionada se o Santander fez isso, respondeu: "Fez. Isso é lamentável, inadmissível para qualquer candidato, seja eu ou qualquer outro."
Israel
Dilma afirmou que Israel tem agido de forma "desproporcional" na Faixa de Gaza. Nota oficial do Itamaraty sobre o tema levou a uma crise, após um porta-voz da diplomacia israelense chamar o Brasil de "anão diplomático".
Para a presidente, está ocorrendo "um massacre" na Faixa de Gaza. "O que está ocorrendo na Faixa de Gaza é uma coisa muito perigosa, um massacre. Não está sendo feito um genocídio, mas uma ação desproporcional. Não é possível matar crianças e mulheres, de jeito nenhum."
Ela afirmou que o embaixador brasileiro em Tel-Aviv, que foi chamado para consulta, vai retornar. Ela descartou "ruptura" com Israel.
"O embaixador foi chamado porque tínhamos dúvidas com relação a algumas coisas, e oportunamente vai voltar. Não tem ruptura. Lamento as palavras. As palavras do porta-voz produzem um clima muito ruim. Nesse caso, a gente tem que ser bastante prudente. Acho que a ONU está certa."
Petrobras
Sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), alvo de investigações por suposto superfaturamento, Dilma disse que não se sente "desgastada" pelo episódio. Ela era do conselho de administração da Petrobras na época em que a compra foi aprovada.
"Do ponto de vista da minha situação, eu queria lembrar que o conselho de administração é um colegiado. Estavam presentes no conselho naquele momento empresários e pessoas de grande experiência na área de negócios. [...] O que aconteceu conosco? Não tivemos todos os dados. Tanto o Tribunal de Contas quanto o Ministério Público percebem as condições e eu fui afastada desse processo. Não tem como me condenar por Pasadena."
"Eu não acho que estou sendo desgastada por Pasadena. Pasadena mostra que sempre tive conduta decente no exercício de cargos públicos", completou.
Dilma afirmou que não sabia que o TCU iria isentá-la de responsabilidade no caso e rebateu informações de que o governo atuou para que isso acontecesse.
Do ponto de vista da minha situação, eu queria lembrar que o conselho de administração é um colegiado. Estavam presentes no conselho naquele momento empresários e pessoas de grande experiência na área de negócios. [...] O que aconteceu conosco? Não tivemos todos os dados. Tanto o Tribunal de Contas quanto o Ministério Público percebem as condições e eu fui afastada desse processo. Não tem como me condenar por Pasadena."
Mensalão
Dilma disse que o processo do mensalão foi tratado com "dois pesos e umas 19 medidas". Segundo ela, o chamado mensalão mineiro, que envolveu políticos do PSDB, não foi investigado.
"Eu acho que essa história da relação com o PT tem dois pesos e umas 19 medidas. Por que? O mensalão foi investigado, agora, o mensalão mineiro, não. [...] Quando foi no nosso caso, nós tomamos todas as providências, não tivemos nenhum processo de interromper a Justiça. Não pressionamos juiz, não falamos com procurador, não engavetamos processo", declarou.
Depois de um dos jornalistas afirmar que ela testemunhou no processo e disse que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi "injustiçado", Dilma respondeu: "Fiz isso quando era ministra. Como presidenta, eu não me manifesto sobre processo julgado."
Inflação
Perguntada sobre a elevação da taxa de inflação em contraste com o discurso de posse no qual afirmou que não deixaria a "praga" voltar", ela destacou que inflação "não está descontrolada".
"Eu não concordo que deu alguma coisa errada no combate à inflação. [...] Asseguro que ficará abaixo do limite superior", declarou. Segundo ela, o Brasil está "enfrentando da forma mais corajosa a mais grave crise econômica que o mundo passou" nos últimos anos.
"Não tinha a menor ideia. Aliás, o relator do TCU em questão [José Jorge] não é ligado ao meu partido e nem faz parte da minha base aliada no passado. Os ministros do TCU são indicados pelo Senado, Câmara ou são membros integrantes técnicos do próprio TCU. E não há como fazer que o ministro relator tenha qualquer relação comigo."
Dinheiro em casa
A presidente também foi questionada sobre o motivo pelo qual guarda R$ 152 mil em dinheiro em casa, segundo declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela afirmou que guarda dinheiro por "hábito" que adquiriu durante a ditadura e que gosta de ter dinheiro guardado para necessidades da filha.
"Eu sou de outra geração. Eu nunca quis sucesso. Para mim, o sucesso não era isso. Eu tenho 66 anos. Na minha época, o valor fundamental era a gente transformar o Brasil. Já vivi muito com dinheiro. Já vivi muito sem dinheiro. Essa mania com os meus R$ 152 mil vocês não vão mudar."
Ao ser informada de que o dinheiro poderia render R$ 10 mil ao ano, indagou: "O que é R$ 10 mil?", mas em seguida ela mesma respondeu: "Eu acho que R$ 10 mil é muito".
Equipe econômica
Perguntada se manterá, em um eventual futuro governo Guido Mantega (ministro da Fazenda) e Alexandre Tombini (presidente do Banco Central), que não discute o ministério.
"Nós estamos em plena campanha eleitoral. Não é hora de discutir. A última vez que botaram o carro na frente dos bois, se eu me lembro bem, sentaram na cadeira de prefeito antes da eleição, e perderam a eleição. Eu não discuto meu ministério. Até porque sou supersticiosa", afirmou a presidente, em referência a Fernando Henrique Cardoso que, antes da eleição de 1985, posou para foto na cadeira do prefeito e depois perdeu para Jânio Quadros.
Ela disse que nenhum país venceu a crise financeira internacional, iniciada em 2008, mas que o Brasil manteve o nível de emprego. "O Brasil, neste período, enfrentou a crise e enfrentou sem cair naquela que foi a pior situação de vários países, enfrentando alta taxa de desemprego. Nós criamos 8,5 milhões de postos de trabalho", disse, completando que somente em sua gestão foram mais de 5 milhões.