O ex-presidente Lula disse ao ministro Antonio Palocci (Casa Civil) que fez a sua parte e que, a partir de agora, cabe a ele se defender para pôr um fim à crise política. A presidente Dilma recomendou o mesmo a seu ministro, dizendo que ele deve dar uma explicação pública sobre seu crescimento patrimonial o mais rapidamente possível.
Os dois recados foram dados dentro de uma avaliação de que a crise já começa a deteriorar a imagem do governo Dilma e que esse processo precisa ter um "limite".
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, Lula disse a Palocci que agora ele é o único que pode dar explicações sobre o caso e que, politicamente, não pode mais ficar em silêncio. O ex-presidente comentou reservadamente que não cabe mais a ele e ao Palácio do Planalto fazerem a defesa do ministro, porque isso não teria mais o efeito esperado.
A pressão para que ele fale publicamente cresce desde a semana passada, quando aumentou a insatisfação da presidente Dilma com o silêncio de seu ministro. Inicialmente, Palocci cogitava falar apenas após o pronunciamento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que analisa um pedido de abertura de investigação requerido pela oposição.
Agora, a avaliação do governo é que ele não pode mais esperar e teria de se antecipar para evitar colocar mais pressão sobre o procurador da República. Palocci ainda conta com o apoio firme de Lula e da presidente Dilma, mas a avaliação do governo é que está havendo um certo esgotamento de seu suporte dentro do PT, o que agrava a sua situação.
Um pronunciamento público poderia estancar o desgaste de haver petistas criticando o silêncio de Palocci. O governo espera que o chefe da Casa Civil aceite as recomendações e fale hoje publicamente sobre o caso.