A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse neste sábado (9) que pretende discutir as propostas apresentadas pela senadora Marina Silva (PV), que ficou em terceiro lugar na disputa do primeiro turno.
O PV condicionou a aceitação de algumas propostas para definir quem apoiará no segundo turno, se será Dilma ou o adversário dela, José Serra (PSDB).
Sem especificar nenhum ponto apresentado por Marina, Dilma afirmou que o conjunto das propostas apresentadas está mais próxima à campanha do PT do que à do PSDB: "Pelo que vi, as propostas da Marina têm mais a ver conosco do que com meu adversário. Agora, nós vamos chamar uma discussão a esse respeito bastante respeitosa e sem pressão", disse, após visita a uma maternidade em São Paulo.
Na sexta-feira (8), Marina divulgou documento com dez temas que será usado como base para a discussão que vai definir o apoio a um dos dois candidatos. O PV não exclui ainda a possibilidade de adotar a neutralidade. O documento é subdividido em 42 subitens, agrupados em temas como meio ambiente, segurança pública e transparência.
Depois da entrevista de Dilma, o ministro Alexandre Padilha, que tirou férias do cargo para se dedicar à campanha, também não quis entrar em detalhes sobre as propostas apresentadas pela senadora do PV.
"Divisão no país"
Dilma Rousseff visitou a maternidade Amparo Maternal, que atende gestantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de um alojamento social que abriga gestantes que precisam de acolhimento por motivos sociais. A visita não pode ser acompanhada pela imprensa, que esperou a candidata do lado de fora.
Após cerca de uma hora de visita, Dilma concedeu entrevista e disse que visitou a maternidade para colher experiências a serem implantadas na Rede Cegonha, no governo federal.
Ela negou que a visita tenha sido uma resposta à polêmica sobre o aborto que tem pautado o segundo turno da campanha. No entanto, ela criticou boatos que envolvem o nome dela. "Nós somos um país que nunca teve conflito religioso. Querer criar contradição religiosa onde nao tem é criar um clima de divisão no país."
A petista argumentou que o Estado é laico, reafirmou que respeita liberdade de crença e religião, e voltou a dizer que, se eleita, não irá enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei que altere a legislação sobre o aborto.
Dilma afirmou acreditar que há "uma deliberada confusão feita no Brasil" sobre o assunto e foi questionada sobre quem estaria gerando essa confusão. "Antes, havia dez candidatos. Você não sabia de onde vinha. Daqui pra frente, só tem dois. Se continuar essa rede de boatos e intrigas, só pode vir do meu adversário".
O senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB e coordenador da campanha de Serra, negou que os boatos tenham partido da campanha tucana. "Quem indexou esse assunto foi a candidata Dilma que, quando respondeu a perguntas a respeito do tema, não conseguiu ser precisa. Na falta de clareza dela, esse questionamento prosperou", disse.