Dilma fala em “humildade” e sobre direito da população “se indignar”

Presidente fez pronunciamento do 7 de Setembro em cadeia de rádio e TV. “Não podemos aceitar que uma capa de pessimismo cubra tudo”, afirmou.

Dilma defende governo humilde e o direito de indignação do povo | Reprodução
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A presidente Dilma Rousseff afirmou na noite desta sexta-feira (6), em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV pelo Dia da Independência, que o governo deve ter ?humildade e autocrítica? para admitir os problemas do país e que a população tem ?todo o direito? de se indignar e cobrar mudanças. Ela também disse que a inflação está em queda e fechará o ano dentro da meta.

Dilma fez um balanço dos cinco pactos anunciados por ela em junho, durante um pronunciamento em resposta às manifestações populares que se alastraram por todo o país naquele mês. Os pactos foram por saúde, educação, mobilidade urbana, reforma política e estabilidade fiscal.

?Eu sei tanto quanto vocês que ainda há muito a ser feito. O governo deve ter humildade e autocrítica para admitir que existe um Brasil com problemas urgentes a vencer, e a população tem todo o direito de se indignar com o que existe de errado e cobrar mudanças?, afirmou no discurso exibido nesta sexta.

O governo deve ter humildade e autocrítica para admitir que existe um Brasil com problemas urgentes a vencer, e a população tem todo o direito de se indignar com o que existe de errado e cobrar mudanças."

Presidente Dilma Rousseff

Em seguida, a presidente afirmou que ?existe um Brasil de grandes resultados que não se pode deixar de reconhecer?. ?Não podemos aceitar que uma capa de pessimismo cubra tudo e ofusque o mais importante: o Brasil avançou como nunca nos últimos anos?, disse.

O pronunciamento foi gravado no último sábado (31). Na segunda-feira (2), a presidente viajou para a Rússia, onde participou da cúpula do G20. Neste sábado (7), pouco mais de oito horas depois de chegar a Brasília, participará do desfile em comemoração ao 7 de Setembro em Brasília e desfilará em carro aberto a partir das 8h45, na Esplanada dos Ministérios.

Mais Médicos

Dilma falou sobre o programa Mais Médicos, lançado no âmbito do pacto pela saúde. Segundo disse, o programa irá produzir ?resultados rápidos e efetivos?.

?O Mais Médicos está se tornando realidade, e tenho certeza de que, a cada dia, vocês vão sentir os benefícios e entender melhor o grande significado deste programa?, declarou.

A presidente esclareceu que os médicos estrangeiros estão ocupando ?apenas as vagas que não interessam e não foram preenchidas por brasileiros?. ?Não é uma decisão contra os médicos nacionais. É uma decisão a favor da saúde?, disse.

Ela reconheceu que o governo precisa fazer mais investimentos em hospitais e equipamentos, mas disse que ?a falta de médicos é a queixa mais forte da população pobre?.

?Muita morte pode ser evitada, muita dor, diminuída, e muita fila, reduzida nos hospitais, apenas com a presença atenta e dedicada de um médico em um posto de saúde?, disse.

Pactos

Sobre o pacto por educação, Dilma comemorou a aprovação pelo Congresso do projeto que garante que 75% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal sejam destinados à educação. Ela sancionará o texto durante cerimônia no Palácio do Planalto na próxima segunda-feira (9).

?Esse será um dos maiores legados do nosso governo a gerações presentes e futuras, e vai trazer benefícios permanentes à população brasileira por um período mínimo de 50 anos?, disse a presidente sobre o projeto dos royalties.

A respeito do pacto pela reforma política, Dilma classificou como um ?bom passo? a elaboração da proposta de decreto legislativo para a realização do plebiscito.

No mês passado, as bancadas de PT, PC do B, PDT e PSB na Câmara dos Deputados apresentaram à presidente o projeto de decreto legislativo que propõe a realização de um plebiscito sobre a reforma política.

?Queremos mais transparência, mais ética, honestidade e mais democracia. Isso passa, necessariamente, pela reforma das práticas políticas em todos os níveis?, disse a presidente durante pronunciamento.

Dilma falou também sobre o pacto pela mobilidade urbana. Segundo ela, no médio e no curto prazo, obras e projetos vão melhorar o transporte coletivo nas grandes cidades. ?Isso significa mais metrôs, monotrilhos, corredores de ônibus e VLTs?, disse.

Sobre a estabilidade fiscal, ela afirmou que o governo está ?mobilizando esforços? para ?manter equilibradas as contas públicas e a inflação sob controle?.

Leia abaixo a íntegra do pronunciamento.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

Há 191 anos o Brasil viveu sua primeira grande mudança política. Deixou de ser uma colônia para se transformar em um país independente. Hoje, nosso Grito do Ipiranga é o grito para acelerar o ciclo de mudanças que, nos últimos anos, tem feito o Brasil avançar. O povo quer, o Brasil pode e o governo está preparado para avançar nesta marcha.

2013 tem sido um ano de intensos desafios políticos e econômicos aqui e no resto do mundo. Apesar da delicada conjuntura internacional, nossa economia continua firme e superando desafios. Acabamos de dar uma prova contundente. No segundo trimestre fomos uma das economias que mais cresceu no mundo. Superamos os maiores países ricos, entre eles os Estados Unidos e a Alemanha. Ultrapassamos a maioria dos emergentes e deixamos para trás países que vinham se destacando, como o México e a Coreia do Sul.

O melhor é que crescemos em todos os setores, e a indústria e os investimentos mostraram franca recuperação. Falharam mais uma vez os que apostavam em aumento do desemprego, inflação alta e crescimento negativo. Nosso tripé de sustentação continua sendo a garantia do emprego, a inflação contida e a retomada gradual do crescimento.

A inflação está em queda. Os índices de julho e agosto foram baixos e a cesta básica ficou mais barata em todas as 18 capitais pesquisadas. Vamos fechar 2013 com uma inflação, mais uma vez, dentro da meta, o décimo ano consecutivo em que isso ocorre. O emprego continua crescendo. Já geramos 900 mil vagas este ano e mais de 4 milhões e 500 mil desde o início do meu governo.

Estamos também tomando medidas eficazes para conter as oscilações bruscas do dólar, que afetam a economia de todos os países emergentes, sem exceção. Essas oscilações são decorrentes de alterações da política monetária americana e afetam a todos. A situação ainda exige cuidados, porém há sinais de que o pior já passou. Não vamos descuidar um só instante. Vamos manter o equilíbrio fiscal, o estímulo ao investimento, a ampliação do mercado interno e a garantia de nossas reservas internacionais para estabilizar as flutuações do mercado cambial.

Meus amigos e minhas amigas,

Eu sei tanto quanto vocês que ainda há muito a ser feito. O governo deve ter humildade e autocrítica para admitir que existe um Brasil com problemas urgentes a vencer, e a população tem todo o direito de se indignar com o que existe de errado e cobrar mudanças.

Mas há, igualmente, um Brasil de grandes resultados, que não podemos deixar de enxergar e reconhecer. Não podemos aceitar que uma capa de pessimismo cubra tudo e ofusque o mais importante: o Brasil avançou como nunca nos últimos anos.

Infelizmente ainda somos um país com serviços públicos de baixa qualidade. Estamos aprofundando os cinco pactos para acelerar melhorias na saúde, na educação e no transporte, e para aperfeiçoar a nossa política e a nossa economia.

O Pacto da Educação já garantiu 75% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação. Esse será um dos maiores legados do nosso governo a gerações presentes e futuras, e vai trazer benefícios permanentes à população brasileira por um período mínimo de 50 anos.

Já o Pacto do Transporte Público vai significar, no curto e médio prazo, obras e projetos capazes de melhorar a mobilidade e o transporte coletivo nas nossas maiores cidades. Isso significa mais metrôs, monotrilhos, corredores de ônibus e VLTs.

O Pacto pela Estabilidade Fiscal está mobilizando nossos esforços para manter equilibradas as contas públicas e a inflação sob controle. Isso é fundamental para que o Brasil cresça e continue gerando empregos.

O Pacto da Reforma Política e Combate à Corrupção acaba de dar um bom passo com a proposta de decreto legislativo para a realização do plebiscito. Queremos mais transparência, mais ética, honestidade e mais democracia. Isso passa, necessariamente, pela reforma das práticas políticas em todos os níveis. Só assim poderemos acabar com o desmando e combater, sem tréguas, a corrupção como queremos e como o Brasil necessita.

Minhas amigas e meus amigos,

O Pacto da Saúde irá produzir resultados rápidos e efetivos. O Mais Médicos está se tornando realidade, e tenho certeza de que, a cada dia, vocês vão sentir os benefícios e entender melhor o grande significado deste programa. Especialmente você que mora na periferia das grandes cidades, nos pequenos municípios e nas zonas mais remotas do país, porque você conhece bem o sofrimento de chegar a um posto de saúde e não encontrar médico, ou ter que viajar centenas de quilômetros em busca de socorro.

O Brasil tem feito e precisa fazer mais investimentos em hospitais e equipamentos, porém a falta de médicos é a queixa mais forte da população pobre. Muita morte pode ser evitada, muita dor, diminuída, e muita fila, reduzida nos hospitais, apenas com a presença atenta e dedicada de um médico em um posto de saúde.

A vinda de médicos estrangeiros, que estão ocupando apenas as vagas que não interessam e não são preenchidas por brasileiros, não é uma decisão contra os médicos nacionais. É uma decisão a favor da saúde.

O Brasil deve muito a seus médicos, o Brasil deve muito à sua Medicina, mas o país ainda tem uma grande dívida com a saúde pública e essa dívida tem que ser resgatada o mais rápido possível.

Queridas brasileiras, queridos brasileiros,

Esse é um momento que exige coragem e decisão em todos os sentidos. A coragem é irmã da liberdade e mãe de todas as mudanças. Esse é um momento de fazer o governo chegar cada vez mais perto do povo, e do povo participar cada vez mais das decisões de governo. Mais que nunca, o Brasil está aprendendo que o que importa não é termos problemas. O importante é termos as soluções, e mais soluções estão a caminho.

Ainda este mês, vamos fazer novos leilões de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Esses leilões vão injetar bilhões e bilhões na economia, gerando centenas de milhares de empregos.

Vamos também leiloar, em outubro, um imenso campo de petróleo do pré-sal, o Campo de Libra. Para vocês terem uma ideia, ao longo dos últimos cem anos de exploração do petróleo no Brasil, acumulamos, de reservas, 15 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Vejam vocês, só o Campo de Libra tem um potencial de reserva entre 8 a 12 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Para sua exploração será exigida grande mobilização de recursos, como, por exemplo, a construção de 15 a 17 plataformas. Assim, vamos estimular toda a cadeia produtiva e gerar milhares e milhares de empregos.

Além disso, os royalties das áreas já em exploração e daquelas descobertas neste e em outros campos vão gerar recursos gigantescos para a educação. Mais creches, alfabetização na idade certa, escolas em tempo integral, ensino médio profissionalizante, mais vagas em universidades, mais pesquisa e inovação, e professores mais preparados e bem remunerados, tudo isso requer mais investimentos e recursos.

Devemos transformar a riqueza finita do petróleo em uma conquista perene da nossa sociedade. A educação é a grande estrada da transformação, a rota mais ampla e segura para o Brasil seguir avançando e assegurando oportunidades para todos, o verdadeiro caminho da independência.

Viva o Sete de Setembro! Viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!

Obrigada e boa noite.

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