Em segundo turno, foi apenas em 1989 que se viu uma disputa para presidente da República tão equiparada, foi quando Lula encostou em Collor, às vesperas da decisão. Portanto, o empate técnico entre Aécio e Dilma apresenta forte simbolismo não só pela divisão do país.
Apesar de considerado um resultado importante para a época, o PT conheceu na ocasião seu pior desempenho nessa etapa da disputa –ficou com 47% dos votos válidos contra 53% do alagoano.
Nas corridas de 2002, 2006 e 2010, também definidas na prorrogação, o partido manteve-se na frente em todo o processo. Nas vitórias de Lula, superou 60% dos votos válidos e na de Dilma alcançou 56%.
O máximo que o PSDB conseguiu angariar em segundos turnos foi 44% com Serra, há quatro anos. Em 1994 e 1998, embalado pelo Real, FHC liquidou a fatura no primeiro turno, com 54% e 53% dos válidos, respectivamente.
Com o histórico, duas leituras são possíveis. Para os tucanos, é positivo o desempenho de Aécio até aqui. O ineditismo do quadro em uma eleição dinâmica deve ser valorizado.
Por outro lado, considerando-se a avalanche de más notícias que assaltou o governo na última semana, não deixa de ser importante para os petistas a manutenção do cenário em período tão inóspito.
Das denúncias de corrupção na Petrobras ao anúncio de apoio de Marina e da família Campos a Aécio, não faltaram fatos com alto potencial de impacto negativo para Dilma.
No caso da Petrobras, a forma e o repertório com que diferentes estratos da população decodificam a informação podem pulverizar seus efeitos. A grande maioria dos brasileiros ouviu falar do episódio, com taxas elevadas de recall inclusive entre os menos escolarizados e de menor renda.
Porém, as opiniões se dividem quanto à responsabilidade da presidente e sobre o grau de influência do caso na corrida presidencial.
A respeito de Marina, seu poder como cabo eleitoral junto ao total de eleitores é bem inferior do que o de Lula. E, comparando-se com a pesquisa anterior, a oficialização do apoio da ambientalista ao tucano não teve por enquanto repercussão nem entre os que a escolheram no primeiro turno. Os dados da disputa nesse estrato apresentam-se inalterados em relação à semana passada.
Se mantido o acirramento da campanha e considerando-se o melhor desempenho dos eleitores na urna eletrônica no segundo turno, as atenções se voltam para o grau de cristalização do voto e para qual dos candidatos tendem mais os indecisos.
Tanto Aécio quanto Dilma possuem no geral taxas equivalentes de eleitores convictos (41% e 40%, respectivamente), assim como apresentam o mesmo patamar de alta chance de conversão de seus não eleitores.
Mas, entre os indecisos, o alto potencial de conversão pró-petista é o dobro do observado para o tucano (13% contra 6%). É um segmento mais feminino e menos escolarizado do que a média da população.
A maioria considera o governo Dilma regular e votou em uma mulher no primeiro turno da eleição –32% na presidente e 26% em Marina.
Pelo visto, a última semana de campanha promete ser intensa e dramática.
Como foi a que antecedeu o primeiro turno de 2014 e o segundo turno de 1989.