A presidente eleita Dilma Rousseff decidiu viajar ao Nordeste, região que garantiu suas vitórias eleitorais, para denunciar que o governo "interino de Michel Temer é "ilegítimo" e "que impor retrocessos à população".
A previsão é que Dilma faça uma fala na Assembleia Legislativa de João Pessoa (PB), na quarta-feira (15), siga a Salvador (BA), na quinta (16), e termine o roteiro na sexta (17), em Recife (PE).
Durante os eventos, a presidente alertará a população sobre os projetos do governo provisório, como alterar a CLT com a reforma da Previdência e reduzir programas sociais com os cortes no Orçamento.
Auxiliares de Temer e de Dilma usaram, em relatos feitos à Folha, a mesma expressão para definir o estado de espírito de ambos no último mês: "o clima é de guerra".
Dilma tem escalado alguns de seus ex-ministros e aliados para rebater praticamente todas as medidas anunciadas por Temer, enquanto o peemedebista tem se irritado com os pedidos da petista.
Por isso, o governo interino tentou parar Dilma. Inicialmente restringiu o acesso de Dilma a aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e se recusa a pagar as despesas dela, como fez ao não arcar com a hospedagem da presidente. Ele agora quer cortar o número de assessores de Dilma - reduzindo de 35 para 15 funcionários.
Sem povo
Enquanto isso, Temer completa neste domingo (12) o seu primeiro mês no comando do país, sem participar de qualquer agenda pública. Alvo de protestos em todo o país, desde manifestações nas ruas - como as que ocorreram ao longo da última sexta-feira (10) - até as ocupações em prédios públicos por causa de medidas antipáticas da sua gestão, como a extinção de ministérios, cortes de recursos para a Saúde e propostas de retirada de direitos trabalhistas e fim de programas sociais, o presidente interino evitou ao longo dos últimos 30 dias sair às ruas.
Ele já desistiu de ir ao enterro de Cauby Peixoto, de inaugurar o VLT do Rio e de ir ao Nordeste. Temer ainda mandou fechar a rua da casa onde mora em São Paulo. Sua única saída neste primeiro mês, onde teve algum contato com o público, foi uma ida ao Congresso, quando foi recebido com vaias e gritos de "golpista".