Na manhã da última terça-feira (09), o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), travou novos atritos com adversários políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) numa audiência realizada no Senado. Dessa vez, o embate ocorreu com os senadores de oposição Sérgio Moro (União Brasil-PR), Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES).
Aliados do presidente Lula (PT) e oposicionistas têm analisado que o desempenho de Dino nos embates o fortaleceram no cenário político nacional, rompendo a ‘bolha’, assim, cacifando seu capital eleitoral numa possível sucessão de Lula em 2026.
Durante os confrontos, Dino afirmou que Marcos do Val pode ser da Swat, mas que ele faz parte dos vingadores. O termo se refere a super-heróis do Universo Cinematográfico da Marvel.
“Não precisa o senhor ir à porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet. Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? Homem-Aranha? Então é assim que a gente faz o debate democrático”, disse.
Eleito na onda bolsonarista de 2018, o senador pelo Podemos ficou conhecido como instrutor da área da segurança. Ele se apresenta como orientador da Swat (grupo tático especial da polícia americana) e afirma já ter conduzido treinamentos a integrantes da Nasa e do Vaticano.
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A declaração de Dino foi exposta após Marcos do Val questioná-lo sobre as ações do 08 de janeiro. “O GDias [referindo-se ao ex-ministro do GSI, coronel Gonçalves Dias], que todo mundo dizia que não sabia de nada, apareceu nas imagens”, alegou. “Daqui a pouquinho, questão de tempo, vocês vão ver imagens do ministro Flávio Dino, nas instalações, durante o período”, acrescentou.
Formulação do golpe
Em fevereiro deste ano, o senador pelo Espírito Santo divulgou uma reunião feita com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A realização desse encontro foi dada para se discutir sobre uma trama golpista que anularia a vitória eleitoral do presidente Lula e que incluía gravar, de forma ilegal, um vídeo do ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para constrangê-lo.
Moraes, na ocasião, afirmou que a conspiração envolvendo Bolsonaro foi uma “tentativa Tabajara” de golpe. O termo alude às Organizações Tabajara, empresa fictícia clássica do humor do programa televisivo Casseta & Planeta e que viralizou como sinônimo de algo mal feito.
Respostas a Flávio Bolsonaro e a Moro
Ainda durante a reunião, Dino disse a Moro, ex-juiz da Lava Jato, que nunca fez trama com o Ministério Público. A discussão se deu logo após o senador pelo União Brasil alegar que o ministro estava debochando de seus questionamentos.
Um dos ministros da Justiça, no governo Bolsonaro, Sérgio Moro foi juiz da Operação Lava Jato, depois declarado parcial pelo STF nos casos referentes ao atual presidente da República. Por isso, todas as suas decisões sobre o petista foram revogadas.
Dino afirmou também que o senador Flávio Bolsonaro, filho primeiro do ex-chefe do Executivo, compreende bem acerca das narcomilícias. “O senador Flávio Bolsonaro falou sobre narcomilícia, tema que ele conhece muito de perto, o casamento de milícia com o tráfico”, afirmou. “É claro que em relação aos CACs [Caçadores, Atiradores e Colecionadores] também ocorreu isso. Criminosos viraram CACs, e CACs se associaram a práticas criminosas. Por isso tem ocorrido as prisões”, complementou.
Ida ao Senado
Na última terça-feira (09), o ministro da Justiça compareceu à Comissão de Segurança Pública do Senado para prestar informações sobre os planos e a agenda estratégica da pasta em sua gestão. O requerimento para sua convocação é de autoria do senador bolsonarista Magno Malta (PL-ES).