Dino intima governo e Congresso exigindo transparência sobre anonimato em emendas

Ministro Flávio Dino quer ouvir Poderes antes de decidir sobre ação do PSOL contra brecha que oculta autores de indicações de emendas parlamentares

Ministro do Supremo Tribunal Flávio Dino | Foto: Gustavo Moreno/STF Ministro do Supremo Tribunal Flávio Dino | Foto: Gustavo Moreno/STF
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, intimou o governo federal, a Câmara dos Deputados e o Senado a se posicionarem sobre a ação movida pelo PSOL contra o projeto que permite o anonimato dos responsáveis pelas indicações de emendas parlamentares. O partido acionou o STF após o Congresso aprovar, na semana passada, uma resolução que mantém em sigilo os autores das emendas de comissão, aquelas cuja destinação é definida nas comissões temáticas.

O PSOL pede que o STF garanta a transparência dos recursos, conforme decisões anteriores da Corte, e que determine ao Congresso que se abstenha de propor ou aprovar medidas que violem esse princípio. Dino deu um prazo de dez dias para que a Advocacia-Geral da União (AGU) e as assessorias jurídicas da Câmara e do Senado se manifestem sobre o caso.

As emendas parlamentares são recursos indicados por deputados e senadores para financiar políticas públicas, obras e projetos. O STF entende que essas emendas devem seguir princípios de transparência e rastreabilidade. No entanto, o projeto aprovado pelo Congresso abre uma brecha ao permitir que os líderes partidários assinem as indicações sem identificar os parlamentares responsáveis. A medida foi revelada pela Folha de S.Paulo e aprovada por ampla maioria: 361 votos a favor e 33 contra na Câmara, e 64 a favor e 3 contra no Senado.

A proposta foi resultado de um acordo entre o Congresso e o STF para aumentar a transparência no uso dos recursos. Em fevereiro, Dino homologou um plano de trabalho apresentado pelo Legislativo e pelo Executivo, atendendo às exigências da Corte. O acordo encerrou um impasse que durava desde o segundo semestre de 2024, quando o ministro suspendeu o pagamento de parte das emendas por falta de transparência.

Apesar do compromisso assumido, o Congresso não cumpriu plenamente a promessa de identificar os autores das emendas de relator e de comissão, incluindo as utilizadas no chamado "orçamento secreto" desde 2020. A falta de informações completas sobre quem indicou os valores continua sendo um ponto de tensão entre os Poderes.

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