HAVANA (Reuters) - O dissidente cubano Franklin Pelegrino encerrou nesta quarta-feira uma greve de fome depois de 39 dias, após advertência do presidente, Raúl Castro, de que não cederia a "chantagens".
"Tomei esta decisão pelo clamor, pelos pedidos que me fizeram", disse Pelegrino à Reuters por telefone em Cacocúm, a 750 quilômetros de Havana.
"Me sinto muito mal, me sinto muito deprimido. Não posso falar muito", disse.
Pelegrino, um barbeiro de 38 anos, iniciou greve de fome pela libertação de 26 presos político doentes. Durante este tempo, ingeriu apenas líquidos.
Outro dissidente, Guillermo Fariñas, está nesta quarta-feira no 43o dia de jejum pelo mesmo motivo e disse que não jogará a toalha.
"Não penso em jogar a toalha", disse Fariñas à Reuters do hospital público onde está internado em Santa Clara, a 270 quilômetros de Havana.
Raúl disse no domingo que Cuba não cederá às chantagens de seus inimigos nos Estados Unidos e na Europa que, segundo ele, estariam promovendo as greves de fome.
María Antonia Hidalgo, porta-voz de Pelegrino, disse à Reuters que a advertência de Raúl influenciou na decisão de abandonar o protesto.
"(Ele) decidiu colocar fim à greve de fome após muitos pedidos de irmãos dentro e fora de Cuba... O comentário (de Raúl Castro) influenciou na decisão (de interromper a greve)", disse.
Pelegrino e Fariñas iniciaram seus jejuns em fevereiro, após a morte do preso político Orlando Zapata depois de 85 dias de greve de fome por melhores condições em cadeias cubanas.
Cuba considera os dissidentes mercenários a serviço de seu inimigo, EUA.