Dono de cooperativa nega ter repassado verba a deputada

Deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) negou envolvimento em fraudes

O presidente da Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur), Wladimir Furtado | g1
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O presidente da Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur), Wladimir Furtado, negou neste sábado (13) que tenha repassado verba recebida pela entidade do Ministério do Turismo à deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP). ?Nunca entreguei dinheiro para a deputada Fátima e não tenho conhecimento de nenhum esquema?, afirmou.

Furtado foi solto na madrugada deste sábado após ser detido na terça-feira (9) pela Polícia Federal na Operação Voucher. Ele é suspeito de integrar um suposto esquema de desvio de dinheiro público por meio de um convênio de R$ 4,4 milhões entre o Ministério do Turismo e o Instituto de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) para qualificação de trabalhadores do setor de turismo no Amapá.

O presidente da Conectur deixou o Instituto de Administração Penitenciária (IAPEN), em Macapá na madrugada deste sábado (13). Todos os 36 presos pela PF na ação foram soltos.

As investigações da Polícia Federal mostraram que a Conectur foi uma das empresas sub-contratadas pelo Ibrasi para prestar serviços de consultoria. Segundo a PF, trata-se de uma empresa de fachada. A investigação fiz que os serviços não foram entregue que não foram entregues e que os recursos foram desviados.

Em depoimentos à PF, pessoas ligadas à cooperativa afirmaram que parte do dinheiro desviado do ministério seria entregue à deputada peemedebista, responsável pela emenda parlamentar que liberou os recursos para o convênio alvo da fraude.

Furtado negou as versões apresentadas no depoimento de uma secretária da Conectur e de seu sobrinho à polícia. As testemunhas afirmaram ter ouvido do presidente da cooperativa que o dinheiro seria repassado à parlamentar.

Em entrevista em Macapá após ter deixado o presídio, ele disse ainda que as testemunhas teriam sido ?induzidas? pelos policiais federais a fornecer essas informações nos depoimentos.

?São pessoas de minha confiança. Eles estavam sob pressão psicológica. Eles não esperavam passar por uma situação desta. O primeiro recurso que a pessoa tem é falar?, disse Wladimir Furtado, que negou ter contato com a parlamentar.

A PF diz que perícia mostrou que as empresas de fachada forneciam notas frias para maquiar o desvio do dinheiro do convênio. Segundo Furtado, foi entregue o trabalho de consultoria para diagnóstico do setor de turismo do estado do Amapá sob o custo de R$ 250 mil.

?A Conectur não é uma empresa fantasma. Sou formado na área e a nossa empresa era a única que tinha as informações. Vendemos uma consultoria que foi executada e eu posso provar?, afirmou Furtado ao admitir que a cooperativa funciona em sua casa, onde também está instalada um igreja evangélica, da qual é pastor.

"Não queria participar desse projeto do Ibrasi. Só aceitei essa, recusamos propostas de fazer outros serviços. Sabia que tinha política envolvida nisso. Eu não repassei dinheiro para a deputada. Se tem algum esquema das empresas que contratei, eu nunca vi", continou Furtado.

Elo com a deputada

Após negar que o destino dos recursos desviados fosse a conta da deputada, Furtado admitiu que, em 2008, teve ajuda de Fátima Pelaes, à época secretária de Turismo do estado, para cadastrar a Conectur entre as empresas capacitadas para fechar convênios com o Ministério do Turismo.

Essa gestão da parlamentar resultou na assinatura de um convênio de R$ 2,75 milhões entre a Conectur e o Ministério do Turismo, em 2009. Segundo auditoria do Tribunal de Contas e a investigação da PF, há indícios de fraudes e este convênio também não teria sido entregue pela cooperativa.

"Em fevereiro de 2009, ela me ligou para dizer que os documentos da Conectur tinham passado. Ela intermediou o projeto", disse Wladimir Furtado.

Por meio da assessoria, a deputada voltou a negar as acusações e disse que já colocou à disposição do Ministério Público seu sigilo telefônico e bancário.

Prisão

O presidente da Conectur, que foi prefeito do município de Ferreira Gomes (AP), lamentou a divulgação de fotos tiradas dos presos na Operação Voucher na Instituto de Administração Penitenciária do Estado.

"Eu fui fotografado sem camisa, como um presidiário normal. Fiquei só de calça. Identificado como bandido normal e me colocaram numa cela comum, mesmo eu dizendo que tenho nível superior. Minha sorte é que os presos que estavam na cela especial me reconheceram, porque eu sou uma pessoa pública. Fiquei uns 40 minutos na cela comum. Tinha 18 detentos lá dentro."

"Existe uma conotação política fortíssima, nãos sei se é para desmoralizar Fátima [Pelaes] ou o PMDB. Sei que existe uma forte pressão para que isso desmoralize as pessoas", disse o presidente da cooperativa.

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