Doria deve recuar, manter candidatura e renunciar ao governo, dizem aliados

A surpreendente reviravolta abriu uma crise no PSDB, partido ao qual ambos são filiados.

Doria deve recuar, manter candidatura e renunciar ao governo | Reprodução
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CAROLINA LINHARESS, FÁBIO ZANINI E CARLOS PETROCILO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Tucanos próximos a João Doria (PSDB) dizem que o governador deve renunciar nesta quinta (31) e concorrer à Presidência, como era o planejado.Na quarta (30), Doria chegou a comunicar a desistência a seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB). A surpreendente reviravolta abriu uma crise no PSDB, partido ao qual ambos são filiados.

O governador está reunido com aliados no Palácio dos Bandeirantes, onde fará um pronunciamento -não mais uma entrevista à imprensa. Doria e Rodrigo estão almoçando para desfazer o mal-estar ocorrido com o anúncio de desistência da candidatura presidencial.

Doria deve recuar, manter candidatura e renunciar ao governo, dizem aliados- Foto: Reprodução

Nos bastidores, a equipe de Doria afirma que a carta do presidente do PSDB assegurando que ele será o candidato da sigla pesou na decisão de reavaliar a desistência.

Doria avisou a seus aliados que irá anunciar a desfiliação do PSDB e acusar caciques do partido, Aécio Neves (MG) à frente, de o terem traído e forçado sua decisão. União Brasil e MDB podem ser os partidos de destino de Doria. Pessoas próximas a Rodrigo, que deixou o DEM no começo do ano passado após o partido rachar na disputa para a presidência da Câmara, chamaram Doria de traidor e coisa pior.

Em resposta, ouviram que ele manteria a promessa de não disputar a eleição e apoiaria o vice para a disputa do governo estadual, conforme combinado desde 2018. Ocorre que, nos planos do vice, tal disputa se daria com ele na cadeira de governador. Ele disse a amigos que não aceita concorrer com Doria no cargo.

Fora da cadeira de governador e com a rejeição anotada por Doria no estado, a situação do vice se complicaria bastante para disputar a vaga no segundo turno provavelmente contra Fernando Haddad (PT), hoje na mais confortável situação para ir à rodada final.

O desempenho fraco na última pesquisa Datafolha e o apoio de uma ala do partido à pretensão de Eduardo Leite (PSDB-RS) de virar a mesa das prévias tucanas e ser escolhido candidato ao Planalto estariam motivando o governador de São Paulo a abrir mão da disputa presidencial.

A mais recente pesquisa Datafolha mostra Lula (PT) com 43% das intenções de voto, contra 26% de Bolsonaro (PL), 8% de Sergio Moro (Podemos), 6% de Ciro Gomes (PDT), 2% de Doria e 1% de Simone Tebet (MDB). Além disso, a rejeição de 30%, segundo a pesquisa Datafolha, atrapalha o plano do governador de se viabilizar como candidato da terceira via. Ele só perde nesse quesito para Bolsonaro e Lula, que são rejeitados por 55% e 37% respectivamente, segundo o levantamento.

Segundo aliados, Doria está particularmente frustrado com o fato de que seu esforço para trazer a vacina contra Covid-19 chinesa Coronavac ao país, efetivamente forçando o governo federal a investir no tema da imunização, não se materializou em apoio. O imunizante seria, em sua campanha, carro-chefe.

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