A dupla cidadania do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato o torna "inextraditável" porque a constituição italiana, assim como a brasileira, não permite a extradição de seus nacionais. A explicação foi dada pelo advogado que representou o governo da Itália no caso Cesare Battisti, Nabor Bulhões.
Segundo o advogado, a única maneira que o Brasil tem de reverter esse quadro é evocar o artigo sexto do tratado de extradição existente entre os dois países para solicitar que a Itália instaure um processo criminal por lá, baseado nas infrações cometidas aqui.
Nabor Bulhões ressaltou a ironia que há no fato de o governo brasileiro precisar evocar um tratado de extradição que descartou quando decidiu manter Battisti no Brasil, mesmo depois de o italiano ter sido condenado à prisão perpétua em todas as instâncias da Justiça italiana.
Fugitivo
A PF (Polícia Federal) confirmou, por volta das 11h45, que o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato fugiu para a Itália. Ele foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão no julgamento do mensalão. Pizzolato era esperado hoje na sede da PF no Rio de Janeiro.
Em nota divulgada à imprensa, o ex-diretor afirmou que tentará "um novo julgamento na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia, como está consagrado no tratado de extradição Brasil e Itália". "Por não vislumbrar a mínima chance de ter julgamento afastado de motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi consciente e voluntariamente fazer valer meu legítimo direito de liberdade", diz Pizzolato.
Pizzolato tem dupla cidadania e ressalta que vai tentar um novo julgamento na Itália.
Após as declarações de Pizzolato, seu advogado, Marthius Savio Lobato, disse à imprensa que não responde mais pelo ex-diretor.