O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirma que processo de impeachment contra Dilma Rousseff é “um casuísmo e que a base para essa punição máxima é frágil”.
Em entrevista à ‘Folha de S. Paulo’, ele aponta que os pretextos usados, de contabilidade criativa, não vão ser usados contra mais ninguém, embora essa prática seja adotada extensamente por governadores e também no plano municipal. “Nesse sentido, fazendo as devidas ressalvas com 1964 [em que os militares tomaram o poder], é golpe”, diz.
Afirma também que o PSDB assumiu uma agenda de intolerância contra a política econômica e social de Lula e foi contaminando os humores dessa classe média. “Um fator importante foi a piora da posição relativa da classe média, que fez surgir uma equação quase impossível de solucionar: ela passou a demandar a melhora dos serviços públicos, para dispensar os privados, sem aumento de tributos”.
Aponta ainda dificuldades para se formar maioria num sistema totalmente distorcido e diz que vice Michel Temer dificilmente irá prosperar no poder: "a agenda que está colocada como condição de sustentabilidade de um eventual governo Temer tenta colocar o Brasil de hoje na República Velha". “É um retrocesso no que se avançou em direitos trabalhistas e sociais”.
Quanto ao PT, fala que o partido jogou o jogo do financiamento empresarial de campanha e diz que vai sobreviver às turbulências políticas, mas pode não ser mais o partido hegemônico da esquerda brasileira: "Vai ter que pensar mais o campo progressista do que o próprio partido"