Afastado da presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nunca deixou de estar presente nas decisões que a Casa vem tomando nos últimos dias. Até na atitude do presidente interino Waldir Maranhão (PP-MA) de anular e revogar a anulação da votação que deu prosseguimento ao impeachment, Cunha teve seu papel.
Da residência oficial, ele articulou com aliados próximos a Maranhão uma maneira de fazer o parlamentar desistir da decisão. Ao mesmo tempo em que cuidou para divulgar uma nota condenando o ato, classificando-o como irresponsável.
Uma das estratégias para tirar Maranhão da presidência da Câmara veio de Eduardo Cunha. Em reunião com o deputado Arthur Lira (PP-AL), Cunha instruiu o aliado a pressionar Waldir Maranhão para pedir para sair ou expulsá-lo do partido. A expulsão, na avaliação imediata de Cunha, consequentemente tiraria o deputado do posto.
O problema, apontado por Lira, é que Cunha havia esquecido de uma regra que ele mesmo avalizou. Uma interpretação do peemedebista enquanto exercia a presidência permite que o cargo continue com o parlamentar.
Outra sugestão de Cunha foi pressionar o deputado a renunciar. Com a insistência de Maranhão em permanecer no comando da Casa, restou a Cunha costurar uma estratégia para mantê-lo como presidente em exercício e garantir seu cargo de presidente.
A insistência de Cunha em decidir o futuro de Maranhão também é uma estratégia de sobrevivência. Parlamentares que estiveram com o peemedebista nos últimos dias dizem que Cunha garante que volta para a Câmara.