O vereador Paulo Eduardo (PL), conhecido como Paulo Chuchu e candidato a vice-prefeito de São Bernardo do Campo (SP), gerou controvérsia ao aparecer em uma foto de campanha com uma arma de fogo na cintura. Chuchu, que adotou o apelido de um legume de sabor neutro, recentemente esteve envolvido em outra polêmica, quando foi acusado de ameaçar de morte um jornalista.
Na última quinta-feira (29), o vereador de extrema direita participou de um evento político ao lado do senador Marcos Pontes (PL), ex-astronauta, que visitou São Bernardo para apoiar a candidatura de Alex Manente (Cidadania), cabeça da chapa de Chuchu. A foto em questão também inclui os vereadores Lucas Ferreira (PL), Eliezer Mendes (PL), Julinho Fuzari (Cidadania), Pery Cartola (Cidadania) e Alex Mognon (Progressistas).
Ariel de Castro Alves, advogado e morador da cidade, destacou em seu perfil no Instagram a exibição da arma por Chuchu durante a campanha. Alves, que é presidente de honra do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo e preside a Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Bernardo, comentou ao site Fórum que, apesar de não ser um especialista em direito eleitoral, o fato do vereador estar armado levanta questões sobre abuso de poder e possíveis intimidações.
Ele questiona se Chuchu possui porte legal de arma e se a situação não configura uma tentativa de constranger adversários, eleitores e apoiadores de outros candidatos.
"De qualquer forma, as eleições simbolizam o momento mais importante da democracia. Um vereador e candidato a vice-prefeito ostentar o porte e uso de arma significa uma verdadeira afronta às eleições, à democracia e aos eleitores. Um fato vexatório e inaceitável!", afirmou o advogado.
No dia 21 de agosto, Chuchu foi acusado de ameaçar Artur Rodrigues, repórter do Diário do Grande ABC, dentro da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiou o incidente, que ocorreu quando Chuchu e o vereador Lucas Ferreira (PL) abordaram o jornalista, questionando-o sobre em quem ele votaria. Após o repórter recusar-se a responder, alegando o sigilo do voto, Chuchu teria perguntado se ele era "petista" e, em seguida, tocado em uma pistola que carregava sob a camisa, advertindo-o "que tivesse cuidado com o que ia responder".
Sobre o ocorrido, Alves declarou que as ameaças feitas pelos vereadores Paulo Chuchu e Lucas Ferreira são "inaceitáveis e execráveis". Ele enfatizou que essas atitudes, praticadas por representantes do povo, configuram um atentado contra a liberdade de imprensa e de comunicação garantidas pela Constituição Federal.
"No mínimo, eles deveriam responder processos visando a perda dos mandatos parlamentares por falta de decoro parlamentar e devem ser processados criminalmente pelo crime de ameaça. Além disso, alguém com esse perfil violento e ameaçador jamais poderia ser candidato a vice-prefeito. Essa candidatura configura grave perigo para a Democracia na Cidade", concluiu Alves.
No Brasil, embora não exista uma proibição específica para que candidatos portem armas de fogo durante a campanha, é fundamental que possuam porte legal. Exibir uma arma em atos de campanha pode ser interpretado como uma forma de intimidação, o que pode resultar em consequências negativas tanto legais quanto na opinião pública. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode considerar essas ações como violações do código de conduta eleitoral, principalmente se forem vistas como tentativas de coagir eleitores.