Nunes e Boulos focam na troca de acusações, e pouco falam de propostas

Debate da TV Record e do Estadão, na noite deste sábado (19), teve acusações sobre o apagão e ataques em relação à vida e às falas dos candidatos

Nunes e Boulos | Foto: Record TV
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O segundo debate do segundo turno entre os candidatos a prefeito de São Paulo começou com o mesmo clima do primeiro encontro, realizado na última segunda-feira (14). Na TV Record, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) repetiram as acusações sobre as responsabilidades pelo apagão na capital paulista, ocorrido em 11 de outubro devido a ventos fortes. 

Foram feitos oito pedidos de direito de resposta (cinco de Nunes e três de Boulos), dos quais cinco foram concedidos (três para Nunes e dois para Boulos).

APAGÃO

A previsão do tempo indicava que o fenômeno poderia se repetir na sexta-feira (18) e no sábado (19), o que esquentaria a discussão entre os candidatos. No entanto, a chuva e os ventos foram inferiores ao esperado, mas o tema continuou sendo abordado. Boulos responsabilizou novamente a Prefeitura de São Paulo pela falta de poda das árvores, já que a maior parte das quedas de energia ocorre devido a galhos e árvores sobre a fiação. Nunes, por sua vez, voltou a culpar a Aneel, a agência federal reguladora, por não ter rompido o contrato da Prefeitura com a Enel. 

"O apagão tem mãe e pai. A mãe é a Enel. O pai é o Ricardo Nunes, que não fez o básico, a poda e o manejo de árvores", disse Boulos. Nunes, por sua vez, disse que a concessão é federal. "A intervenção só pode ser feita pelo Presidente da República. A caducidade do contrato tem que ser decretada pela Aneel. Não vem arrumar desculpa, você que é deputado federal não fez nada, eu que fui pedir para mudar a lei de responsabilidade [sobre o contrato]". 

ACUSAÇÕES

Boulos acusou Nunes de receber dinheiro na Máfia das Creches e pediu a abertura do sigilo bancário do prefeito, além de ressaltar um episódio da juventude de Nunes em que teria disparado uma arma em frente a uma casa noturna. Nunes, por sua vez, chamou Boulos de extremista e insinuou que ele é conivente com rachadinhas, devido ao seu papel como relator no caso de André Janones (Avante). Em vez de se defender, os candidatos continuaram trocando acusações.

Boulos chamou a concessão dos cemitérios na cidade de "indústria da morte", alegando que os altos preços dificultam o enterro de parentes. Nunes respondeu que a concessão visa acabar com a corrupção no serviço funerário, ao que Boulos retrucou: "falar de corrupção é como o casal Nardoni falar de cuidar dos filhos," gerando um direito de resposta para Nunes. Ele ainda expressou solidariedade a Ana Carolina, mãe de Isabella Nardoni.

Quando Nunes mencionou que Boulos teria batido o carro e fugido, Boulos afirmou já ter se envolvido em acidentes, mas acrescentou: "graças a Deus nunca bati em mulher," em referência a um boletim de ocorrência sobre suposta violência doméstica envolvendo a esposa de Nunes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Guilherme Boulos foi o primeiro a falar nas considerações finais: "Obrigado, Eduardo [Ribeiro, apresentador do debate]. Eu quero agradecer a você que está em casa, que assistiu a esse debate até agora, e quero falar com você que não votou em mim no primeiro turno. Particularmente você que votou na Tabata Amaral. Eu tive o maior orgulho de ter o apoio da Tabata, porei propostas importantes da Tabata como o apoio a mães atípicas, mães de crianças autistas. Você que votou no José Luiz Datena, que eu também tive o maior orgulho de ter o apoio do Datena pra luta contra o crime organizado na Prefeitura de São Paulo. Você que votou no Pablo Marçal, com quem eu tenho muitas diferenças ideológicas, fui alvo de mentiras, mas quero falar com você porque neste momento o que está em jogo é que todos vocês que, no primeiro turno, votaram em todos esses candidatos, votaram pela mudança, assim como quem votou em mim no primeiro turno. Que entende que a cidade de São Paulo merece mais, pode muito mais do que tem. E, às vezes, conversando com as pessoas, eu vejo que tem gente que diz 'poxa', fica com receio. Sabe que São Paulo precisa mudar, sabe que quem tá não dá conta, mas fica com receio. Eu quero pedir a vocês. Não se deixem, não se deixem amedrontar por mentiras, por fake news, por ataques que vão vir ainda mais fortes nessa reta final. Apostem na mudança! Eu me preparei. Podem confiar. Eu trouxe a Marta Suplicy pra ser minha vice, que foi uma grande prefeita. Eu juntei um time de especialistas, eu busquei soluções internacionais e trouxe uma experiência de vida convivendo com as pessoas, com gente que por vezes nunca tinha sentado num banco de escola, mas que me deu lições de vida, lições de humanidade, de humildade e que vão me ajudar muito a governar São Paulo. E quero convidar a todos, segunda-feira, 10 horas da manhã, nós vamos fazer um pronunciamento que você nunca viu numa campanha eleitoral e que vai mudar a eleição. 50 no dia 27!". 

Ricardo Nunes foi o segundo a falar nas considerações finais: "Obrigado Edu [apresentador do debate], obrigado aqui à Record, ao Estadão, a você que está nos acompanhando até esse momento. Cumprimentar o candidato [Guilherme Boulos], as pessoas que estão aqui no auditório. Olha, nós estamos chegando perto do dia que você vai até as urnas, que você vai escolher o futuro da cidade. E eu coloco o meu nome com muita simplicidade e muita humildade. Eu me preparei. Empresário, presidente de várias entidades, vereador, vice-prefeito, prefeito. Perdemos o Bruno [Covas] no dia 16 de maio [de 2021], peguei a Prefeitura num momento difícil, foi um ano e meio de pandemia e, mesmo assim, a gente elevou a capacidade de investimento da cidade. Ajustamos as contas, ajustamos a saúde financeira. Fiz muita coisa, mas tem muita coisa pra fazer. Tem muita coisa. Eu tô com muita vontade, com muita energia. Infelizmente o adversário ali só lembrou de ofender a memória da Isabella Nardoni, que a gente lamenta. Disse que eu não respondi coisas, respondi tudo. Volto a ressaltar. Já respondi, mas volto a ressaltar. Da minha conta, se for uma autoridade que pedir, tá liberada. Eu tenho a minha vida limpa e transparente. Agora eu quero falar de futuro, falar de continuar as ações que a gente tá desenvolvendo. Pra gente poder ter mais faixa azul, votar no 15. Mais armazéns solidários, votar no 15. O Pode Entrar, maior programa habitacional da história da cidade, vote no 15. As UPAs, já fiz 19, vou fazer mais 15, preciso do seu voto no 15. Geração de emprego e renda dos nossos jovens, oportunidade pra que tenhamos o Empreenda SP, o Meu Trampo, vote no 15. Pra que a gente possa ter a nossa cidade gerando emprego e renda e oportunidade pras pessoas. Pra cá vieram gente de todo canto do Brasil e do mundo e tornaram essa cidade a quinta maior metrópole do mundo, a maior cidade da América Latina. Agora é hora de continuar andando pra frente. E eu peço o seu voto, a sua confiança votando no 15".

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