Dos 496.896 candidatos nas eleições municipais, apenas 85 são travestis ou transexuais, o equivalente a menos de 0,02%, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e da Rede Nacional de Pessoas Trans (Redetrans). Desses candidatos, 83 disputam um cargo como vereador e duas como prefeitas, ambas pelo PSOL. São elas Thifany Felix, em Caraguatatuba (SP) e Samara Braga, em Alagoinhas (BA), cidade do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), único parlamentar declaradamente gay da atual legislatura.
Com curso superior incompleto, Samara Braga gastou R$ 1.600, sendo R$ 900 de doação de pessoa física e R$ 700 do partido, de acordo com o TSE. O programa de governo de Samara tem um tom voltado para questões nacionais, contra os ajustes propostos pelo governo de Michel Temer em relação a diretos trabalhistas e privatizações. A candidata também defende a desmilitarização da polícia, criminalização da LGBTfobia e a legalização das drogas, apesar de os temas não serem atribuições da prefeitura.
No interior de São Paulo, a cabeleireira com ensino médio completo Thifany Felix gastou R$ 2 mil na campanha, tudo do próprio bolso, segundo o TSE. No plano de governo para o município de 55 mil habitantes, está a promoção de uma cidade "justa, responsável, inclusiva, sustentável e de oportunidades igualitárias para todos".
A candidata promete capacitação dos profissionais da saúde em relação à temática da diversidade sexual, assim como o respeito ao nome social de pessoas trans e travestis, acesso à hormonioterapia e mudança de nome das pessoas trans e travestis e incentivo de representantes de LGBTs nos conselhos gestores das unidades de saúde.
O TSE não contabiliza dados de candidatos trans. A declaração de gênero no registro de candidatura precisa ser feita de acordo com os documentos do candidato. O nome social para propaganda e para urna é permitido, uma vez que o nome fantasia é permitido para todos, independentemente do gênero.
Os levantamentos são feitos por entidades, como a ANTRA e a Redetrans.
"Esses dados não são mensurados apenas por região e por coloração partidárias; esses dados são reações exatas de como se pode iniciar a mudança que uma população almeja. Só adentrando a disputa de corpo e alma é que vislumbram uma forma de defender a vida e o respeito à morte, mesmo depois de assassinados", diz texto assinado por Keila Simpson Sousa, presidente da ANTRA e Sayonara Nogueira e Secretária da Redetrans.