Bruno Covas (PSDB) foi reeleito neste domingo (29) prefeito de São Paulo com 59,38% dos votos válidos, derrotando o candidato Guilherme Boulos (PSOL). Ele toma posse em 1º de janeiro de 2021, e terá como vice o vereador Ricardo Nunes (MDB). Boulos teve 40,62% dos votos válidos.
O tucano foi reeleito com amplo leque de alianças políticas, formando coligação que engloba onze partidos (PSDB, MDB, PP, Podemos, PSC, PL, Cidadania, DEM, PTC, PV e PROS). O acordo garantiu o maior tempo de propaganda de TV no primeiro turno, mas não elegeu vereadores suficientes para formar maioria na Câmara Municipal (foram 25 das 55 cadeiras).
De acordo com dados parciais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Covas foi reeleito com a campanha mais cara da capital: R$ 19,4 milhões até agora, quase seis vezes mais do que seu adversário no segundo turno, Boulos, que gastou R$ 3,4 milhões. Os candidatos podem prestar contas até dia 15 de dezembro.
A disputa do segundo turno foi acirrada. Embora o atual prefeito tenha liderado as pesquisas de intenção de voto desde o início, a diferença para o candidato do PSOL caiu na reta final. O crescimento de Boulos, no entanto, não foi suficiente para reverter o resultado nas urnas. O psolista telefonou para parabenizar Covas antes mesmo do encerramento da apuração.
A pandemia do coronavírus influenciou a campanha, já que devido ao adiamento do calendário eleitoral os candidatos tiveram um período mais curto entre o primeiro e o segundo turno, de apenas quatorze dias. Ambos fizeram atividades online, entrevistas, encontros e atividades de rua – onde foram observadas aglomerações. No anúncio da vitória, os tucanos se aglomeraram em um ambiente fechado na sede do diretório municipal do PSDB, na Rua Estados Unidos, nos Jardins.
Houve apenas dois debates televisivos no segundo turno, sendo um deles em rede aberta. O debate na TV Globo, que estava marcado para acontecer na sexta-feira (27), foi cancelado após Guilherme Boulos testar positivo para a Covid-19.
No primeiro turno, Covas evitou o confronto direto com adversários. Sua principal estratégia foi destacar ações que realizou durante o mandato atual, principalmente no período da pandemia. O prefeito também quis ser conhecido como alguém que supera desafios, já que continuou trabalhando mesmo durante o tratamento contra o câncer.
Embora o destaque das realizações ainda tenha marcado o tom de sua propaganda eleitoral no segundo turno, o tucano endureceu o discurso contra o adversário na tentativa de vinculá-lo à imagem de radical e inexperiente. Covas também ganhou os apoios dos candidatos derrotados Celso Russomanno (Republicanos), Joice Hasselmann (PSL) e Andrea Matarazzo (PSD).
As principais críticas enfrentadas foram em relação à escolha de seu vice Ricardo Nunes (MDB), cuja mulher registrou boletim de ocorrência em 2011 por violência doméstica. Nunes também é investigado por suposto envolvimento com esquema em creches. Covas afirmou que “coloca a mão no fogo” por Nunes, que “não responde a nenhum processo judicial, não há nenhuma denúncia no Judiciário.”
Ele também foi acusado por seu adversário de “esconder” o padrinho político João Doria, por causa da avaliação negativa do governador na cidade. Covas não realizou agendas conjuntas e nem apresentou Doria em suas propagandas de TV. Sobre as críticas, afirmou que “estranho seria o governador parar todos seus afazeres para fazer campanha para Prefeitura.”
Entre as principais propostas de Covas estão zerar a fila de creches, criar novas unidades de saúde (UPAs e UBSs), criar o maior programa de moradias populares na cidade, criar um sistema de transporte público por barcos e avançar no plano de privatizações.
Perfil
Bruno Covas Lopes tem 40 anos e nasceu em Santos. Ele é neto do ex-governador de São Paulo Mário Covas, que morreu em 6 de março de 2001, vítima de um câncer.
Advogado, Covas formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e também em Economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC).
Na política, foi deputado estadual e atuou como secretário estadual de Meio Ambiente durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do estado, entre 2011 e 2014.
Foi eleito deputado federal em 2014, deixando o cargo em 2017, quando aceitou concorrer com Doria na chapa do PSDB à Prefeitura de São Paulo.
Ele assumiu a prefeitura em 2018, quando Doria saiu para disputar o governo de São Paulo. O prefeito enfrenta desde 2019 um tratamento contra um câncer na cárdia, que é a região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e linfonodos.
Ele foi internado pela primeira vez no dia 23 de outubro de 2019, quando quadro de erisipela (infecção na perna), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos). Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia. Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer. O prefeito passou por sessões de quimioterapia e imunoterapia.
Em 7 de agosto, o último boletim médico divulgado pela equipe responsável pelo tratamento informou que o prefeito continuaria realizando sessões de imunoterapia. Os médicos afirmaram, na ocasião, que ele "está em plena saúde e liberado para realizar atividades pessoais e profissionais sem restrições". Em junho de 2020, Bruno Covas foi diagnosticado com Covid-19 e trabalhou em casa por 2 semanas, até se recuperar da doença.