Ciro Gomes anuncia apoio a Lula, e garante que não aceitará cargo

O PDT formalizou nesta terça-feira (4) apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno

Ciro Gomes e Lula | Ricardo Stuckert/Instituto Lula
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DANIELLE BRANT E JULIA CHAIB

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Quarto colocado nas eleições de 2022, Ciro Gomes anunciou nesta terça-feira (4) apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL), em decisão que acompanha a do PDT e que ocorreu após a campanha do petista endossar três propostas do pedetista.

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Ciro anunciou apoio a Lula no segundo turno Foto: Reprodução 

Em vídeo de pouco mais de 2 minutos, Ciro disse acompanhar a decisão do partido, que, pouco antes, formalizou o apoio a Lula após reunião da Executiva do PDT realizada de forma virtual e presencial, na sede do partido, em Brasília. 

— Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado a tal ponto que reste aos brasileiros duas opções que ao meu ver, insatisfatórias. Não acredito que a democracia esteja em risco nesse embate eleitoral, mas sim no seu absoluto fracasso da nossa democracia em construir um ambiente de oportunidades que enfrente a mais massiva crise social e econômica que humilha a esmagadora a maioria do nosso povo — afirmou.

Ciro diz ainda que "frente às circunstâncias", o apoio a Lula era a "última saída". "Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado a tal ponto que reste para os brasileiros duas opções ao meu ver insatisfatórias."

Apesar de citar piora na "trilha democrática", Ciro diz não acreditar que a democracia esteja em risco nessas eleições, mas pondera sobre o que classifica como "absoluto fracasso na nossa democracia em construir um ambiente de oportunidades que enfrente a mais massiva crise social e econômica que humilha a esmagadora maioria do nosso povo".

"Não acredito que a democracia esteja em risco nesse embate eleitoral, mas sim no seu absoluto fracasso na nossa democracia de construir um ambiente de oportunidades que enfrente a mais massiva crise social e econômica que humilha a esmagadora maioria do nosso povo".

Ciro, a seguir, criticou a "campanha violenta" da qual foi vítima, mas afirmou que não vai se ausentar da luta pelo Brasil. "Sempre me posicionei e me posicionarei na defesa do país contra projetos de poder que levaram o nosso povo a essa situação grave e ameaçadora."

Ciro disse também que manifestar o apoio sem pedir cargo em troca. "Adianto que não pleiteio e não aceitarei qualquer cargo em eventual futuro governo. Quero estar livre ao lado da sociedade, em especial da juventude, lutando por transformações profundas, como as que propusemos durante a campanha", afirmou.

"Ao povo brasileiro me dirijo: fiquem certo de que, como sempre fiz, vou fiscalizar acompanhar de perto o dia a dia do governo que assumirá o governo em janeiro. Assim como vou seguir estudando e apresentando ideias para o nosso país", finalizou Ciro Gomes.

Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, Ciro endossou integralmente a decisão. "O Ciro não viajará, ficará aqui no Brasil e já declarou o apoio ao partido."

Carlos Lupi e Ciro Gomes: PDT decide apoiar Lula no segudo turno Foto: Ailton de Freitas/ Ag.O Globo 

A informação do apoio do PDT em troca das propostas pedetistas foi antecipada à Folha de S.Paulo por Lupi. Ele disse ter conversado com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nesta segunda (3), e afirmou ter sugerido a ela a incorporação de três propostas de Ciro: o programa que prevê zerar dívidas do SPC, o plano de renda mínima e um projeto de educação em tempo integral.

"Tomamos uma decisão unânime, sem um voto contrário, e eu repeti isso três vezes porque se tivesse voto contrário poderia registrar em ata, está gravado, a decisão de apoiar o mais próximo da gente, que é a candidatura do Lula", afirmou Lupi nesta terça.

Durante a campanha, Ciro fez uma série de ataques a Lula, principalmente após a pressão do PT pelo voto útil. Lupi contemporizou e lembrou das divergências entre o ex-governador Leonel Brizola e Lula.

Perguntado como Ciro faria para apoiar o petista depois de todas as declarações dadas durante a campanha, Lupi brincou e disse que a eleição já teve até "padre de quadrilha junina na campanha".

"O processo político às vezes se acirra de uma maneira, e eu vivenciei disso do Brizola com o Lula, lá em 1989. É uma coisa muito forte, mas isso não impediu o Brizola de estar com o Lula na campanha."

Lupi afirmou que derrotar Bolsonaro é prioridade absoluta do partido. "Derrotar Bolsonaro é uma causa nacional, uma causa da pátria, uma causa dos democratas."

"Essa decisão é de apoio ao presidente Lula porque ele representa uma aproximação maior com nosso ideário. Não é o nosso ideário, não é o que a gente lutou para ser, mas é o mais próximo, e principalmente um não muito grande ao Bolsonaro e o que ele representa", ressaltou o presidente do PDT.

"Bolsonaro, na nossa opinião, representa o atraso do atraso do atraso desse país, um aspirante a ditador, malversador do dinheiro público, um homem da falsa fé cristão", disse, acrescentando que não admitirá nenhum pedetista apoiando o atual presidente.

Após terminar o primeiro turno em quarto lugar, Ciro adiou por "algumas horas" o anúncio sobre seu posicionamento para o segundo turno.

"Nunca vi uma situação tão complexa, tão desafiadora, tão potencialmente ameaçadora sobre a nossa sorte como nação", disse ele na noite de domingo (2), após a divulgação do resultado do pleito.

"Por isso, peço a vocês mais algumas horas para conversar com meus amigos, conversar com meu partido, para que a gente possa achar o melhor caminho, o melhor equilíbrio para bem servir a nação brasileira", continuou o candidato, que teve cerca de 3,5 milhões de votos, ou 3% do total.

Ciro terminou a corrida com 3,04% dos votos, atrás de Simone Tebet (MDB), que teve 4,16%. Neste domingo (2), Lula recebeu 48,43% dos votos válidos e o atual chefe do Executivo, 43,20%.

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