Em entrevista ao "Jornal Nacional" nesta segunda-feira (27), o candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) defendeu sua promessa de tirar o nome dos brasileiros do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e negou que a proposta seja simplista, levando os eleitores a acreditar em uma possível troca de favores. A entrevista ainda ficou marcada por um embate do candidato com o apresentador William Bonner sobre o histórico de acusações e denúncias contra o presidente do PDT, Carlos Lupi.
Ciro foi o primeiro de quatro presidenciáveis entrevistados pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcelos nesta semana. Nesta terça (28), será a vez de Jair Bolsonaro (PSL), seguido por Geraldo Alckmin (PSDB) na quarta-feira (29) e por Marina Silva (Rede) na quinta (30).
Logo no início da entrevista, Bonner informou que, apesar de aparecer em primeiro lugar nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi proibido pela Justiça de conceder entrevistas. Ele está preso em Curitiba desde o dia 7 de abril.
Ao longo da campanha, Ciro tem prometido que irá ajudar a "limpar o nome" de mais de 63 milhões de brasileiros que estão negativados no SPC. Concorrentes do pedetista têm criticado a proposta.
Questionado por Bonner se sua promessa não levaria o eleitor a acreditar que, caso venha a ser eleito, Ciro irá eliminar a dívida dos cidadãos, o candidato afirmou que irá fazer um refinanciamento –segundo ele, tirando os juros de 500% aplicados pelos bancos para de 10 a 12% por um período de 36 meses.
"Não tem nenhuma coerência com minha prática", afirmou Ciro, negando que esteja enganando o eleitor: "Quem transformou isso em hit da campanha não fui eu, foram meus adversários".
"Fui o governador mais popular do Brasil, o prefeito de capital mais popular do Brasil, porque eu honro minha palavra", disse. "Se a pessoa não quiser, não posso fazer, mas quem quiser, eu vou ajudar a tirar o nome do SPC. Não porque sou bonzinho, mas porque tenho propostas práticas de reativar a economia”, afirmou.
Ao longo da entrevista, Ciro chegou a entregar a Bonner o que chamou de um manual que, segundo ele, explicaria como colocar em prática sua proposta. "Está tudo aí, inclusive as garantias", disse o candidato, comparando a proposta ao Refis, programa de refinanciamento de dívidas com a Receita Federal. "Para refinanciar parcela mínima disso [SPC], é um escarcéu. (...) Está todo mundo vendo que é óbvio e possível fazer". O documento não foi lido durante a entrevista.
Desentendimentos sobre Lupi
Questionado por Bonner sobre o presidente do PDT, Carlos Lupi, Ciro e o jornalista apresentaram informações desencontradas. Bonner afirmou que Ciro já declarou que "bota a mão no fogo por Lupi". Em seguida, pediu ao candidato permissão para "atualizar" o telespectador sobre o histórico do presidente do partido –disse, então, que Lupi responde a inquéritos e que é réu em um processo por improbidade administrativa no Distrito Federal.
"Se eu for eleito, Lupi terá em meu governo a posição que quiser", declarou Ciro, que logo complementou: "A mim surpreende essas informações. Réu com certeza ele não é. Então estou surpreendido. E me comprometo a adicionar qualquer manifestação no meu site”.
Bonner ainda voltou a dizer que mantinha a informação de que Lupi é réu na Justiça e questionou se, diante disso, Ciro manteria sua posição. "Eu não ofereci nada a ninguém, mas Carlos Lupi tem a minha confiança cega".
Ao final do programa, Bonner voltou ao assunto, já sem Ciro no estúdio, e informou até mesmo o número da ação na 6ª Vara Federal do Distrito Federal.