Independente de quem terminar como vencedor, as eleições presidenciais deste ano dos Estados Unidos (EUA) já são históricas. Não só pela disputa já conhecida entre republicanos e democratas, mas pelo contexto que envolve fatores como a covid-19, o movimento social Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), a presença massiva dos eleitores no voto antecipado e até mesmo uma indefinição sobre a validade do resultado das urnas.
De um lado, o republicano Donald Trump, atual presidente que busca a reeleição para consolidar sua ideologia nacionalista recheada de polêmicas. Do outro, o democrata Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama que aposta no antagonismo de ideias com Trump para sair vencedor. Em jogo, o comando da maior potência do mundo e a chance de ditar o rumo global por quatro anos.
Antes da pandemia, o favoritismo era de Trump. A covid-19, contudo, mudou o cenário, principalmente após os Estados Unidos virar o líder de casos e mortes pela doença. Trump, que foi infectado pelo coronavírus no meio da campanha, em outubro, foi duramente criticado pela gestão da pandemia e o descredito que deu ao conselho de especialistas sobre o vírus. Agora, as principais pesquisas apontam o democrata como favorito.
"O país tem os melhores cientistas do mundo e também uma das taxas de mortalidade mais altas", critica Biden. Ele, durante a campanha, sempre procurou se colocar como alguém que respeita os protocolos sanitários. Do outro lado, Trump rebate dizendo que o rival se esconde por trás da pandemia e que irá fechar indústrias. "Nossos oponentes querem transformar os EUA em uma Cuba comunista", afirma.
Além da pandemia, os dois rivalizam sobre a questão do movimento Black Lives Matter, que cobra maior igualdade social. Trump se coloca contrário a essa questão e diz que não é racista. Já Biden promete maior igualdade. O voto negro deve ser decisivo neste ano, principalmente na Flórida, um dos estados considerados chave na disputa.
"O eleitor norte-americano costuma decidir levando em consideração a economia do país, mas as questões sociais se elevaram. O americano vai pensar se vota com o bolso ou com a justiça social. O voto pode ser bem diferente de 2016, quando Trump venceu entre latinos da Flórida, que pesaram a questão da economia", diz o fundador e presidente do Capital Communications Group, Akran Elias, que participou de live para explicar a jornalistas brasileiros o funcionamento da eleição americana.
O dia oficial da eleição é nesta terça-feira (3), no entanto, milhares de americanos já votaram antecipadamente pelos correios devido à pandemia. O voto à distância foi alvo de polêmica já que Trump queria dificultar essa modalidade, vista como favorável aos democratas. O vencedor do pleito, contudo, pode não ser quem tem mais votos. O próprio Trump se elegeu sem ter maioria em 2016 - Hillary Clinton conseguiu mais votos.
Pelo sistema americano, o eleitor escolhe qual candidato terá o direito de levar os delegados do Colégio Eleitoral dos estados. Cada um dos 50 estados tem uma quantidade definida de delegados. O número depende da população. A Califórnia, por exemplo, tem 55, enquanto o Alaska tem 3. No total, são 538 delegados, sendo vencedor aquele que obtiver 270. "Cada estado tem peso", diz Akram.