O presidente eleito na Bolívia, Luis Arce, tomou posse neste domingo (8), ao lado do vice David Choquehuanca. Em seu discurso de posse, ele pregou a união, exaltou a democracia e afirmou que este é o início de uma nova etapa na história do país. As informações são do G1.
Arce, ex-ministro de Morales e considerado o "cérebro" das reformas econômicas, obteve 55,1% dos votos válidos. Seu principal rival na disputa, o ex-presidente Carlos Mesa, atingiu 29% dos votos, e se recusou a reconhecer a derrota.
A cerimônia de posse ocorreu um ano após a renúncia de Evo Morales, que ficou quase 14 anos no poder.
Discurso
A cerimônia ocorreu na sede da Assembleia Legislativa. Em seu discurso de posse, Arce, falou sobre o triunfo da democracia através do voto e ressaltou que os eleitores escolheram a paz e a estabilidade.
"A partir de 10 de novembro de 2019, depois de 21 dias em que se escamoteou a vontade popular expressada nas urnas, Bolívia foi cenário de uma guerra interna e sistemática contra o povo, especialmente os mais humildes", afirmou.
"Se espalhou morte, medo e discriminação. Encrudesceu o racismo e se usou a pandemia para prorrogar um governo ilegal e ilegítimo", afirmou Arce.
"Não é o ódio que impulsiona nossos atos, mas uma paixão pela Justiça", afirmou.
"Este 8 de novembro de 2020 iniciamos uma nova etapa na nossa história, e queremos fazer um governo que seja para todas e para todos,s em discriminação de nenhuma natureza", declarou o presidente.
Arce citou a pandemia e disse que o país retrocedeu em relação a conquistas recentes, com queda do Produto Interno Bruto de 11%. Depois, acusou o governo provisório de má gestão durante a crise econômica provocada pelo coronavírus.
O vice-presidente David Choquehuanca falou antes de Luis Arce. Choquehuanca citou os indígenas da Bolívia e os povos originários e pregou a união, falando sobre "conciliar ideias da direita e da esquerda”.
'Novo tempo'
Antes da posse, Arce afirmou que a Bolívia "inicia um novo tempo" e agradeceu aos eleitores em uma publicação em uma rede social. "#Bolivia inicia um novo tempo. Agradecemos às mulheres e aos homens bolivianos que de todo o país nos acompanham na ascensão ao comando presidencial", escreveu.
Em uma rede social, Evo Morales, exilado na Argentina, escreveu que hoje "é um dia histórico".
"Hoje, 8 de novembro, é um dia histórico para a posse de @LuchoXBolivia e a recuperação da democracia exatamente um ano após o motim policial em 8 de novembro de 2019. Vencemos a batalha apenas com a consciência do povo, sem violência", escreveu.
O ex-presidente declarou que voltará à Bolívia na segunda-feira (9), esperando não haver problemas jurídicos na sua entrada no país. A renúncia de Morales ocorreu em meio a uma mobilização social que, somada ao motim de grande parte dos policiais bolivianos e ao pedido de renúncia feito pelas Forças Armadas, acabou por destituí-lo do poder.
Líderes na posse
Vários chefes de estado acompanharam a cerimônia, como o presidente da Argentina, Alberto Fernández, o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, além do ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Yavad Zarif, que já se reuniu com Arce e Choquehuanca, segundo a rede de notícias Telesur.
O rei espanhol Felipe VI também está em La Paz, ao lado do vice-presidente e líder do Podemos, Pablo Iglesias. Também comparecem à cerimônia uma delegação dos Estados Unidos (EUA) chefiada pelo subsecretário da Fazenda para Assuntos Internacionais, Brent Mclntosh.
Iván Duque, presidente da Colômbia; Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai; e o ex-presidente do Panamá, Martín Torrijos, também eram esperados, assim como Wálter Martos, chefe do Conselho de Ministros do Peru, Francisco Carlos Bustillo e Andrés Allamand, chanceleres do Uruguai e do Chile, respectivamente.
Cerimônias ancestrais
Antes do ato formal da posse, foram feitas cerimônias ancestrais. Um grupo de "amautas" ou sábios espirituais indígenas aimarás preparou um altar com oferendas para a "Pachamama", ou Mãe Terra, na Plaza Murillo de La Paz, onde está localizado o Palácio do Governo e a sede do Legislativo boliviano.
O ritual de gratidão à “Pachamama” foi para pedir à divindade andina que dê força ao novo governante, segundo a Telesur.
Atentado
Na última quinta (5), Arce sofreu um atentado em La Paz. Uma dinamite explodiu à frente da sede do comitê de campanha do partido, segundo o porta-voz do Movimento ao Socialismo (MAS), Sebastián Michel.
Arce estava no comitê quando uma banana de dinamite foi arremessada na porta do imóvel. Não houve feridos ou danos ao imóvel.