JOSÉ MARQUES E MATEUS VARGAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A ministra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Maria Claudia Bucchianeri suspendeu nesta sexta-feira (21) decisões que concederam direito de resposta ao presidente Jair Bolsonaro (PL) em inserções televisivas e no bloco do horário eleitoral da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até que haja uma análise dos casos por todos os ministros da corte.
Na quinta-feira (20), a ministra já havia suspendido 164 inserções de Lula no horário de Bolsonaro na televisão. Essa decisão será avaliada por todo o tribunal, em sessão do plenário virtual deste sábado (22).
Bucchianeri também determinou a suspensão de um direito de resposta de Lula em 42 inserções de rádio da campanha à reeleição de Bolsonaro, também à espera de uma análise do plenário do TSE.
Os recursos contra as decisões foram apresentados pelas campanhas dos candidatos.
Um dos pedidos da campanha de Bolsonaro por direito de resposta afirma que a propaganda do petista veiculou por conteúdo "fortemente descontextualizado" e que ofendia moralmente Bolsonaro.
Na propaganda, um locutor dizia que o presidente acusava Lula de aborto, mas que ele próprio foi quem "afirmou que poderia abortar o próprio filho". Também afirmava que Bolsonaro está "ajudando a armar a milícia e o tráfico" e citava o caso da compra de imóveis com dinheiro vivo da família do presidente.
Em outro pedido, a campanha de Bolsonaro questiona conteúdo exibido por Lula em bloco de TV que, para a defesa, imputa ao presidente a pecha de "ser pessoa má, preconceituosa e raivosa".
Nesse bloco, a propaganda do PT dizia que Bolsonaro é um mau exemplo para os brasileiros e falava que sua família tem proximidade com milicianos e assassinos de aluguel, além de ter ligação com a indústria de armas.
Já o pedido da campanha de Lula contra as inserções de Bolsonaro no rádio questionava propaganda que afirmava que o ex-presidente teve mais votos "nas cadeias e presídios do Brasil".
A propaganda também afirmava que "o crime organizado já escolheu seu candidato", associando o voto de criminosos ao petista.
A campanha de Lula afirma que, além de tentar associar o ex-presidente à criminalidade, a propaganda de Bolsonaro tentou "conduzir ao eleitorado informação que não corresponde com a realidade a respeito de dados e apurações de votos em presídios".
Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, tenta costurar um acordo entre as campanhas de Lula e de Bolsonaro para que cessem os ataques mútuos.
Ele chamou os advogados tanto de Lula como de Bolsonaro para uma reunião na quinta e propôs que ambos cessassem os ataques nas propagandas.
O ex-presidente Lula afirmou que a sua campanha não deve aceitar acordo.