“Nossa candidatura não tem aliança com empresários”, diz Geraldo Carvalho

Candidato do PSTU de suas propostas e destacou investimento para agricultura familiar e polícia sob controle da sociedade.

Sabatina com candidato Geraldo Carvalho | Raissa Morais
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O candidato a governador Geraldo Carvalho (PSTU) foi o segundo a ser sabatinado na TV Jornal Meio Norte. A entrevista foi conduzida pelos jornalistas Arimatea Carvalho e Francy Teixeira, dentro do Programa Banca de Sapateiro, nesta terça-feira, 13.

Geraldo Carvalho destacou a importância do debate no Grupo Meio Norte por abrir espaço para a classe trabalhadora. Questionado sobre a volta da fome, ele disse que o Piauí vive uma tragédia social com a fome, a violência, o desemprego e a falta de assistência social. "Defendemos o investimento do estado na produção maciça de alimentos através da agricultura familiar", disse, enfatizando que a carga tributária pesa sobre o consumo. "É preciso uma reforma tributária progressiva, onde quem paga mais é quem ganha mais e aliviar algumas faixas", disse, enfatizando que seu nome é uma alternativa para classe trabalhadora no Piauí.

O candidato criticou a concentração de riqueza na mão de poucos que provoca o aumento do número de pobres. "É preciso construir uma outra perspectiva de sociedade", diz, enfatizando que em 500 anos de Brasil a sociedade nunca teve uma gestão totalmente da classe trabalhadora.

Sabatina com Geraldo Carvalho na TV Jornal (Raissa Morais)

Agronegócio

Ao ser questionado sobre o crescimento do agronegócio no Piauí, Geraldo Carvalho questionou a razão por que crescimento não reflete em benefício para população. "Na verdade há um crescimento desse setor, que avança sobre as terras do Piauí, aumenta a destruição do meio ambiente e provoca a expulsão das comunidades quilombolas e indígenas de suas terras, resultando na tragédia social", explica.

O candidato afirma ser uma ignorância dizer que o Piauí é a última fronteira agrícola. "O agronegócio destrói o meio ambiente e só beneficia os produtores de grãos, engorda a conta bancária dos empresários e não se reflete na redução da fome, os benefícios em termos de recursos e empregos são mínimos. "O investimento é na agricultura familiar, com crédito público", declarou.

Compra de votos

O candidato afirmou que o programa do PSTU é voltado para aglutinar a classe trabalhadora e fortalecer essa união. "Somos contra a compra de votos e não temos alianças com empresários e banqueiros, pois sabemos que sempre levam vantagem nesse negócio", diz

Geraldo Carvalho diz que o Piauí tem 224 prefeitos, três senadores, 10 federais, 30 estaduais. Segundo o candidato, trata-se de uma verdadeira máquina que promete o paraíso aos trabalhadores e após a eleição joga o povo na caverna do dragão. "Essas coligações que estão aí, quem ganhar vai ratear orçamento com aliados, não vai sobrar dinheiro para universidade e as políticas de proteção às mulheres. Qualquer uma das máquinas eleitorais que estão postas vai ter a continuação desse estado de coisas que estão aí", diz.

Candidato a governador pelo PSTU, Geraldo  Carvalho (Raissa Morais)

O candidato declarou que tem paciência para construir uma unidade da classe trabalhadora. "Não nos interessa sair comprando votos e montar aliança com partidos fisiologistas, não adianta se envolver e se compactuar com quem está neste lamaçal", disse, declarando que os principais grupos que estão na disputa negam a educação, a saúde. "É tiro no pé votar no Silvio Mendes porque tem bronca com PT", disse.

O candidato criticou o fato de 30 deputados estaduais terem um orçamento maior do que a Universidade Estadual do Piauí, cujos docentes fazem campanha contra a transformação da Uespi num escolão de ensino à distância. "A nossa campanha, além de fazer contraponto, dialoga com a classe trabalhadora. Talvez a mudança não seja para eleição imediata, mas é uma construção alternativa", disse.

Segurança pública

Para o candidato, não adianta aumentar efetivo e armas da Polícia e matar mais jovens pretos e pobres da sociedade. "O problema da segurança é social, o estado precisa ser desprivatizado", diz, enfatizando ser necessário investir na geração de emprego para juventude que está abandonada sem esporte, lazer, escola, cultura e sem perspectiva de trabalho. "Os pais e mães pedem empregos e oportunidades para os filhos, pois as pessoas concluem cursos técnicos, graduação e não tem onde trabalhar", disse.

Ele falou de um candidato militar que matar bandido. "Que bandido está na sua lista, estão os bandidos do Planalto, dos palácios, os engravatados? Pois se a lista estiver somente os pobres, eles já estão sendo mortos", declarou, explicando que esse modelo de polícia foi criado durante a ditadura militar e foi feito para matar gente. "É preciso desmilitarizar a polícia e colocar sobre o controle da sociedade, que vai indicar seus comandantes", afirmou.

Boicote aos partidos pequenos

Geraldo Carvalho afirmou na sabatina que o processo eleitoral atual é um instrumento de manutenção da ordem atual. "É antidemocrática e só passa a ideia de democracia, pois o resultado é determinado pelo poder econômico. Não temos tempo de televisão e como podemos fazer uma campanha no Piauí sem o acesso aos meios de comunicação?", questionou o candidato, destacando o papel importante do Grupo Meio Norte, que tem concedido espaço em debates e entrevistas a todos os partidos e atores do processo eleitoral.

Serviço público

O candidato defendeu o direito de greve, que está na Constituição Federal e disse que em seu governo o piso das categorias estará garantido. "Os serviços públicos têm orçamento minguado e parte dele é abocanhado pelos aliados de máquinas eleitorais", declarou. Na entrevista, ele também falou sobre a redução da jornada de trabalho para abrir mais vagas de emprego.

"Vamos questionar a Lei de Responsabilidade Fiscal, pois essa lei não pode prevalecer sobre a questão da vida, pois há pessoas morrendo por falta de alimento, saúde e segurança", diz, citando que objetivo da LRF é destinar metade do orçamento público para o bolso dos banqueiros e sobra muito pouco para investimento no social.

O candidato vai acabar com isenções fiscais e fazer auditoria na dívida pública, eliminar os privilégios de assembleias e câmaras, pois não justifica o fato da Assembleia Estadual ter orçamento maior que a Uespi e finalizou que a vontade de 30 parlamentares não pode prevalecer sobre a vontade de milhares de pessoas.

A série foi aberta pela candidata Madalena Nunes do PSOL, entrevistada na segunda-feira, dia 12 e nesta quarta-feira, 14, será a vez de Sílvio Mendes.

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