Nunca tivemos na história de Palmas eleições com tantos candidatos como em 2020. O registro das candidaturas terminou no sábado, 26, e ainda havia quem acreditasse que conseguiriam alguns consensos para enxugar o quadro. Frustraram-se. Prevaleceram o ego maior que os votos e o olho grande no fundo eleitoral, os dois motivos de termos concorrentes aos borbotões nestas campanhas.
Dos 12 candidatos que se mantiveram na disputa, 6 deles não conquistaram um partido aliado sequer e vão no puro sangue. Indicador considerável de uma vontade enorme de entrar na disputa de qualquer forma, que remete a um estereótipo bem conhecido da política: o candidato de si mesmo. Tem desejo, partido, tempo de TV e fundo eleitoral. Pronto. Já acha que pode concorrer. Pouco importa se a candidatura tem ou não respaldo na sociedade, mas ainda assim se impõe pelo ferro e fogo. Quase todos não chegam a 5% das intenções de votos em qualquer pesquisa, as internas, digo, não a do marketing.
Também é um termômetro da crise de líderes a que sempre me refiro. É preciso ter grandeza para se mover no espaço público, uma visão do processo político que cada dia mais vai minguando e é substituída por posturas liliputianas, nas quais o “eu” é maior do que as bandeiras que se diz defender.
Estão colocadas candidaturas à esquerda, de centro e à direita. Ou seja, se houvesse maturidade política, com o bom diálogo, as bandeiras das candidaturas que não conseguiram agregar musculatura poderiam, sem prejuízos, ser absorvidas por uma das forças do campo de atuação que conseguiu conquistar mais apoios partidários — diga-se: o que foi possível porque outras siglas enxergaram que o nome tinha mais respaldo popular, ou seja, mais chances de sucesso eleitoral.
Mas o Senhor Ego avalia que é tão superior aos outros que é impossível que seja rejeitado pelo eleitorado com o projeto extraordinário que oferece. E é extraordinário pelo simples fato de ter saído da cabeça do Senhor Ego. Só por isso. Todos esses projetos solitários – colocados pelo ego maior que os votos ou por olho grande no fundo eleitoral – serão retumbantemente fracassados no dia 15 de novembro. Depois me cobrem isso, por favor. Não se esqueçam.
Do registro de candidatura, o fato que causou mais estardalhaço foi a polêmica em torno do candidato a vice da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB). Um desgaste absurdamente desnecessário para ambos, ao empresário Lucas Meira (DEM) e à campanha de reeleição. O nome dele já era cogitado nos bastidores semanas antes da convenção. Há quem diga que o debate sobre sua indicação vem de meses. No entanto, só foram puxar a ficha do rapaz depois da convenção? Desculpe a franqueza, é muito amadorismo de todos os envolvidos.
Com o nome aprovado em convenção e consagrado em ata, o vice terá que ser engolido mesmo. Não há o que fazer, vai descer “quadrado”. Sua participação ou não do processo virou uma questão de uma escolha pessoal do próprio Lucas, que parece que está sendo visto como uma espécie de “mosca na sopa” da campanha de Cinthia.
Se de um lado a prefeita saiu em vantagem nesta reta final da pré-campanha com esse monte de aventureiros candidatos de si mesmos, de outro queimou na largada ao ficar com o “mico”, um vice que, mesmo sem condenação, está envolvido em processos altamente cabeludos em Goiás.