Os tiros disparados na manhã de hoje na favela de Paraisópolis, zona sul de capital paulista, não tinham como alvo premeditado Tarcísio de Freitas, candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, de acordo com policiais militares que atuam na região. O MP (Ministério Público) não tem indícios de ameaça de morte do PCC (Primeiro Comando da Capital), a facção criminosa que domina o local, contra nenhum dos candidatos ao Poder Executivo.
O oficialato da PM dá como certo que não houve atentado contra Tarcísio. De acordo com PMs que atuam no setor de inteligência da corporação e oficiais com experiência de atuação em Paraisópolis, há duas suspeitas sobre o início do tiroteio, o que ainda é checado pela cúpula da Segurança Pública paulista. A primeira é que PMs faziam ronda em ruas próximas de onde Tarcísio e sua comitiva passariam — e, ao encontrarem criminosos armados em motocicletas, teve início a troca de tiros.
A segunda é que o staff chegou ao local à paisana antes do candidato e que, nesse momento, encontrou olheiros armados em motos. Há ruas em Paraisópolis que abrigam olheiros em motocicletas que acompanham pessoas desconhecidas e, se veem algo que chama a atenção, repassam as informações para integrantes do PCC. Por essa segunda hipótese, a comitiva de Tarcísio teria visto dois olheiros e avisado a PM, que, ao se dirigir ao local indicado, encontrou dois criminosos armados em uma moto e se iniciou o tiroteio.
O suspeito morto foi identificado como Felipe Silva de Lima, de 27 anos. De acordo com moradores de Paraisópolis, ele morreu na hora. Segundo policiais militares, ele foi levado ao pronto-socorro do Hospital Campo Limpo, onde não resistiu aos ferimentos.
Oficiais da corporação reafirmam, a partir do incidente de hoje, a importância das câmeras corporais dos PMs para esclarecimentos de crimes. A partir das imagens gravadas pelos policiais, é possível chegar à dinâmica dos fatos, avaliam. Tarcísio afirmou em entrevista à Jovem Pan ser a favor de retirar as câmeras corporais dos PMs. Uma semana depois, recuou e disse que avaliaria a decisão.
Um oficial da PM afirmou à reportagem que, desde o ano passado, criminosos que atuam nas favelas de Paraisópolis e de Heliópolis, além dos que ficam na Baixada Santista, estão com um procedimento mais violento do que o normal. Segundo ele, qualquer equipe policial que entra nessas localidades, desde então, é alvo de tiros: Criminosos ligados ao crime organizado disparam contra os carros e motos da polícia e correm para dentro da favela na sequência.
Moradores entrevistados pela reportagem não presenciaram o momento do tiroteio, mas afirmam que o episódio nada indica que houve correlação do incidente com a ida do candidato à favela, já que não é incomum troca de tiros durante ações policiais na região.